25 de dez. de 2011

Hoje, eu preciso escrever um pouquinho

Hoje é natal. Fui jantar com um filho e a família dele. Voltei e queria assistir um filme, mas infelizmente, eu não consigo me concentrar para assistir um filme. Aliás, eu estou assim, não consigo concentração suficiente para assistir um filme, para falar ao telefone e mesmo quando converso com as pessoas não sou mais a alguém de respostas rápidas diante dos questionamentos que me são colocados.

Eu não estou conseguindo me adaptar à velhice, esta situação ridícula e estranha, parece que a idade chega e passamos a ser motivo de chacota  para outras pessoas.

Eu não estou conseguindo me relacionar com as pessoas. Quando eu digo relacionar,  é estar bem com as pessoas, rir com elas, contar casos, me divertir como elas se divertem - porque eu me sinto mal - continuamente eu me sinto mal e ninguém a minha volta percebe  o quanto eu me sinto mal - tem dia que não consigo ouvir e nem entender o que estão me falando - parece que estou no ar, ou fora de órbita, fora do ar... fora do sentido.

É muito difícil ir a casa das pessoas jantar e ter alergia a peixe e chocolate encontrar uma bacalhoada. Ter problemas hepáticos e ter que enfrentar uma sobremesa de leite condensado, arroz doce, e um bolo de chocolate. Eita vidinha de merda. Vidinha de cão. É ruim tudo isto, porque as pessoas que nos convidam se sentem insultadas porque olhamos tudo e praticamente não comemos nada.
Será que eu sou uma pessoa assim tão chata que não gosto de nada que me é oferecido?

Pelo contrário, eu adoraria comer uma macarronada - um leitão a pururuca - um arroz de forno com bastante molho, queijo ralado, azeitonas bem grandes.
Mas não posso. Meu figado não aguenta - meu estomago não aceita e meu intestino reclama. E o que fazer então nesta reta final de vida? Acho que o melhor é ficar em casa - não ir a lugar algum, principalmente se a reunião tem o nome de JANTAR, ALMOÇO, CHURRASCADA, CEIA, e nomes parecidos.

Gente doente come em casa - arroz com feijão com pouco tempero, pouco óleo - salada natural sem óleo, sem sal, sem pimenta. Como carne magra e assim por diante.

é complicado, porque numa situação destas às vezes acabamos criando atritos, ganhando inimizades, quando não, somos olhados como alguém cheia de manias, desagradável, intragável e indesejável no meio das outras pessoas.

E, pior ainda, podemos acabar indispondo uma pessoa contra a outra dentro da própria casa se reclamarmos da situação.
Então, muitas vezes, o melhor é seguir calada,  sem reclamar, sem blasfemar, e escrever neste blog as dores e aflições que se passa por motivos de doenças que a gente mesmo inventou na cabeça. Será que todas as minhas doenças SÃO INVENÇÕES?

Hoje me senti insultada e não tive a rapidez de resposta que sempre tive e estou aqui mastigando - uma pessoa olhou para a minha sacola - e disse que ela era bonita. Eu logo respondi, quer para voce? A pessoa disse que não. Ai, eu respondi - pois é eu a uso para carregar coisas essenciais pois nunca se sabe.
As coisas essenciais que eu digo são de fato uma troca de roupa, um agasalho porque o tempo em São Paulo muda a toda hora, uma escova de dentes, uma pasta dental, uma escova de cabelo, e os remédios obrigatórios, como o meu hormonio da tiróide, o meu remédio da pressão, pois se eu resolvo dormir na casa do meu filho, não posso abrir mão de tomar estes dois remédios essenciais.

Então, esta pessoa, olhando para  minha bolsa e sem saber o que ela continha e ouvindo eu dizer que carregava o essencial, esta pessoa riu e disse - APOSTO QUE AI DENTRO TÁ CHEIO DE REMÉDIOS E TEM ATÉ INJEÇÕES. Senti-me insultada, agredida, menosprezada, ridicularizada - é como se ela me dissesse: até quando sai para passear tem que levar remédios:? Pois é.. pois é.. que inferno.. que inferno.. ter problemas de pressão, ter problemas de uma tireoidectomia total, ter problemas de incontinência urinária, ter problemas de enfisema pulmonal - MAS QUE COISA? Será que eu mereço?

Será que um ser um humano merece viver se rastejando, tomando remédios:? Viver sem o prazer de conviver com seus semelhantes? Será que vale a pena viver sem comer o que se gosta ou que se sente desejo, ir onde gostaria, ter liberdade de ação?

Mas o que importa na situação relatada  é que eu não tomo nenhum remédio que não seja essencial - será que seria legal eu ir dormir na casa do meu filho e lá pela madrugada eu o acordasse para que fosse procurar uma farmacia para comprar o meu remédio da pressão, ou levar-me a um pronto socorro para tomar remédios lá, só para não carregar na bolsa?

Eu precisava escrever isto aqui, porque eu quero deixar escrito, que ser velho NÃO VALE A PENA.. A GENTE FICA FEIA, A GENTE FICA DEPRIMIDA, A GENTE NÃO TEM O RESPEITO DAS PESSOAS. As pessoas passam a não gostar de conviver com a gente. Eu percebo que meus próprios filhos não estáo suportando conviver comigo, que eu não tenho mais nada a oferecer a meus filhos. Tudo que eu tinha para dar a eles eu dei. Dei o meu trabalho, a minha dedicação, cuidei para que crescessem, se instruissem, se tornassem adultos úteis à sociedade, honestos. Hoje, eu não tenho nada que eles possam gostar de conviver comigo ou se orgulhem da mãe que têm.
TUDO ISTO FAZ QUE ME SINTA ASSIM MAL - E POSSO DECLARAR COM TODAS AS LETRAS :  EU NÃO ESTOU SUPORTANDO A VELHICE, AS CONSEQUENCIAS DA VELHICE.


Ninguém  sabe da minha vida um terço.. Ninguém sabe que eu estou com uma hiperostose frontal, que pode estar me comprimindo o cérebro - que eu tenho dor de cabeça constantemente, dor na nuca, tonturas, dor nas costas... que tem dia que mal consigo caminhar dentro de casa.. que mal consigo fazer minha própria higiene sozinha, pois eu tenho medo de cair no banheiro; que eu levanto a noite e quase não consigo chegar ao banheiro  e as pessoas vem me dizer - vai dar uma corridinha - faça exercícios... faça musculação, natação, hidroginástica, etc..
Ninguém sabe que estou como uma lesão óssea no pé.. que ainda não foi diagnosticado o que é.... se uma metastase, ou se uma osteoporose simplesmente. Ninguém sabe o que é, porque se eu me chamasse LULA com certeza o diagnostico ja estaria feito no mesmo dia. Só que eu me chamo Regina Qualquer de Souza... e ai estou desde outubro esperando - faz um raio x, uma tomografia, espera 20 dias para passar no médico ai o medico manda fazer mais outros exames e demora-se mais 20 dias para o exame, mais 20 para levar o resultado ao médico, que encaminha para outro médico e o outro médico manda retornar no primeiro, manda fazer mais exames e cada marcação de exames adia para mais 20 dias a decisão final e cá estou eu, mal podendo caminhar, mal podendo respirar e ter que ouvir uma ALGUÉM ME DIZER - VAI VER QUE NESTA BOLSA TEM ATÉ INJEÇÃO. Mas que tipo de injeção ela queria dizer? Droga? Cocaina?  Morfina? Antibiótico? Calmante? Anestésico? Ou uma simples mistureba de vitaminas e fortificantes?

E SE TIVESSE?: ERA DA CONTA DE ALGUÉM? SE EU FOSSE DIABÉTICA E PRECISASSE TOMAR INSULINA, ERA DA CONTA DELA?

Sei que eu não deveria nunca escrever estas bobagens aqui no meu blog.. mas estou escrevendo, porque se eu morrer amanhã eu quero que todos saibam o quanto eu SOFRI SOZINHA.. O QUANTO EU ANDEI SOZINHA POR ESTES HOSPITAIS de São Paulo na busca de pelo menos o alivio para minhas dores, ou uma vida mais decente, já que a cura é algo difícil - pois a velhice é a própria doença..

 HOJE EU TO COM VONTADE DE GRITAR PARA TODOS. A VIDA NÃO VALE.

reginacelia (a hipocondríaca)... (kakakakakakakakakakakakak - você acreditou em tudo que escrevi?)

mentirinha.. mentirinha.. estórias da caronchinha.. estórias para boi dormir.. estórias de uma doente mental.
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