1 de mar. de 2011

A Pirâmide na Medicina

Hoje, vou tocar num assunto um certo tanto complicado e sei que vou desagradar a muitos e merecer compreensão de poucos.

Eu nasci assim, meio de pá virada (como diz o mineiro), meio que revoltada, fora dos conformes, e inconformada, apontando defeitos em tudo, encontrando erros que eu não tenho condições físicas, intelectuais, financeiras e nem tão pouco força política para mudar os fatos do meio social em que vivo.

Deveria então, simplesmente, me calar, me conformar e ir tocando a minha vida. E de fato, tem sido o que venho fazendo nos último anos, calando, e tocando a minha vida do jeito que ela me foi proposta, já que pouco posso mudar do contexto, do meio social.

Mas, muitas vezes, fico ruminando coisas na minha cabeça e gostaria tanto de conversar com alguém, colocar pra fora minhas idéias meio malucas, mas não consigo fazer isto, porque filhos crescem e se tornam sábios e olham para os pais como pessoas que viveram em eras medievais, netos chegam e vão logo crescendo rápido e ganhando outros olhares para o mundo, principalmente agora, que as crianças já nascem com um olho na tv e uma mão no mouse e outra no teclado do computador.

Hoje, em dia, as crianças já nascem, parece, que prontas para a tecnologia. Será transmisssão de conhecimento através das células? Será que nós incorporamos nossos conhecimentos a todas as células do nosso corpo, inclusive as germinativas, aquelas que vão dar forma a novos seres os nosos filhos? Será transmissão de conhecimento ainda no útero da mãe, já que hoje as mulheres estáo cada vez mais avançadas em conhecimentos científicos e tecnológicos e a ciência agora diz que a criança dentro do útero ouve a mãe participa de todas as suas emoções? TENHO PENSADO MUITO NISTO NOS ÚLTIMOS DIAS, E ISTO PODERIA ME EXPLICAR UM MONTE DE PROBLEMAS QUE ENFRENTO NA VIDA E PARA OS QUAIS AINDA NÃO ENCONTREI EXPLICAÇÃO.

Não sei, mas de fato, as crianças hoje, já nascem com tendências e parece que conhecimentos que em outras eras jamais pensaríamos.

Mas então, nós os velhos, vamos ficando nos cantos, calados, deixando de discutir determinados assuntos, pois podemos ser censurados, ou ainda julgados dementes, ou até considerados insuportáveis, ranzinzas, reclamões, etc, etc. Então, a gente se cala.

Por outro lado, colocar nossas idéias a respeito de algumas situações já estabelecidas e aceitas por todos na sociedade como corretas, pode de alguma forma voltar-se contra nós e nos prejudicar nos relacionaentos familiares e sociais.

Mas eu acho que alguém precisa comentar sobre a PIRÂMIDE DA MEDICINA DE HOJE.

Vamos começar do começo, que é a melhor forma de deixar o assunto mais leve e mais compreensível.

Todo mundo sabe, o governo sabe, a Associação de Médicos do Brasil AMB, os médicos, as escolas de medicina - todos SABEM - que a pirâmide médica, nos dias de hoje, está funcionando na forma inversa da ordem correta.
Todos sabem que para a medicina ser exercida de forma a beneficiar pacientes, a própria comunidade médica e a sociedade em geral, evitando uma série de sofrimentos e sacrifícios, e até para agilizar diagnosticos e baratear o custo da medicina e evitar-se diagnósticos errados - a piramide deveria se reverter da situação atual para uma nova forma de atuação.

COMO ESTA HOJE A PIRÂMIDE?
A pirâmide hoje está alicerçada em um lastro enorme de ESPECIALISTAS - E SUPERESPECIALISTAS e praticamente quase nenhum CLÍNICO GERAL.

O próprio serviço público acaba fomentando esta PIRãMIDE, contratando ESPECIALISTAS E SUPERESPECIALISTAS E NÃO DANDO VEZ AO CLINICO GERAL.

Atualmente, quando a pessoa tem um problema de saúde, ela começa pelo ESPECIALISTA - e se erra de especialista - acaba sendo empurrada num roda viva de um especialista que empurra em outro especialista e assim vai - e a cada especialista esta pessoa é submetida a um MONTE DE EXAMES COMPLICADOS, PERIGOSOS, RADIOATIVOS, INTOXICATIVOS, EXAUSTIVOS E MUITOS DELES principalmente os da área gástricas que detonam a imunidade e a resistência física do paciente com laxantes intensivos, sondas, tubos, e uma invasão sem fim de estômago, intestinos etc, antes que ele consiga ter um diagnóstico de sua doença, ele já está mais doente, do que quando começou.

Se o paciente tem sorte de cair no ESPECIALISTA CERTO, logo no início de seus sintomas, ele é um felizardo, vai ser tratado e recuperado em curtíssimo espaço de tempo. É o que vemos acontecer com pessoas que tiveram doenças graves como câncer, derrames cerebrais, infartos etc, e se recuperaram e nem parecem que um dia estiveram doentes.

Mas quando a pessoa tem sintomas inespecíficos, ou uma doença que provoca sintomas diversos, o que os médicos chamam de doenças sistêmicas - este paciente entra na roda viva dos ESPECIALISTAS E MORRE ANTES DE SER DESCOBERTA A SUA DOENÇA, MORRE POR NÃO SER TRATADA EM TEMPO HÁBIL ou morre do excesso de exames a que é submetida, como eu disse antes - excesso de laxantes, contrastes tóxicos, efeitos radioativos de tomógrafos e outros equipamentos.

Isto acontece, porque ele (paciente) começa sua via crucis pelos ESPECIALISTAS e não pelo CLÍNICO GERAL - se tivessemos BONS CLINICOS GERAIS - e fosse obrigatório em qualquer hospital, mesmo o hospital especializado, que o paciente passasse inicialmente pelo CLÍNICO e este encaminhasse o paciente ao médico ESPECIALISTA certo, todo o caminho seria encurtado, muitas vidas seriam salvas, e muito dinheiro quer dos planos de saúde, quer do governos ou dinheiro particular seriam economizados e assim, as poucas vagas que existem hoje nos hospitais especializados seriam OTMIZADAS pois receberiam de fato clientes certos para aquelas vagas. A distribuição seria mais eficientem, mais justas e tornaria todos os tratamentos mais rápidos. E pode-se ter como certo - morrer todos nós morreremos um dia - mas será que a medicina não poderia evitar A INTENSIFICAÇÃO DA DOR DOS ÚLTIMOS MOMENTOS DE VIDA DO PACIENTE, DIMINUINDO A CARGA DE EXAMES REPETITIVOS E INÚTEIS?

Entretanto, tudo teria que começar nas faculdades - o CLINICO GERAL teria que ser aquele que teria uma carga de anos de estudo muito maior que os ESPECIALISTAS - o clínico geral teria que passar por todas as especialidades e ver de tudo um pouco para dominar de fato A CIÊNCIA MÉDICA, e ser capaz em poucos minutos de análise de um paciente saber para QUAL ESPECIALISTA ele deve enviar.

MAS O GRANDE CLÍNICO NÃO EXISTE MAIS - NENHUM ESTUDANTE DE MEDICINA HOJE QUER SER UM CLÍNICO GERAL - e mesmo os hospitais não buscam por CLÍNICOS GERAIS - e então vão se formando um amontoado de ESPECIALISTAS E SUPERESPECIALISTAS E SUBESPECIALITAS E O GRANDE PREJUDICADO É O PACIENTE, O DOENTE.

Mas de fato, se a classe médica analisar bem, o próprio médico especialista acaba sendo prejudicado, pois sua carreira fica restrita a um minguado de pacientes que de fato precisam dele. Então vemos consultórios de GRANDES ESPECIALISTAS VAZIOS ou superespecialistas encostados em serviços públicos e insatisfeitos consigo mesmo e com o que ganham, pois se julgam, e com razão merecedores de serem mais bem pagos, e gozarem de melhores condições de trabalho, quer sejam de instrumentos ou de apoio.

O que é que eu chamo de superespecialistas ? Os doutoresm- veja hoje em dia, e como eu disse atrás, as crianças estão evoluindo muito rápido nas novas tecnologias, e na medicina também, cada vez mais, vemos médicos se formando com pouco mais de 20 anos e chegando ao DOUTORADO antes dos 30 anos.

Entre a sua formação de base médica e doutorado - tornando-se um SUPERESPECIALISTA muito pouco tempo ele tem para o exercício da medicina - exercício real, botando a mao na massa, vendo pacientes, muitos pacientes com vários e diferentes morbidades. Ele passa como um relâmpago pela prática médica geral e vai logo para os departamentos de especialistas e logo, logo para a alta especialização e doutorado - acaba tendo uma formação mais focada na TEORIA e no manuseio de equipamentos e diagnósticos baseados em exames - mas de contato fisico com pacientes ele somente tem o mínimo inevitável, pois se pudesse evitar até este mínimo evitaria.

e ai?

E ai, o paciente com sintomas inespecíficos ou generalizados, passa por tantos especialistas que acaba no final sendo uma peneira de exames - perdido nas filas de SUS, POSTOS DE SAUDE, PRONTOS SOCORROS e se tem recursos financeiros, acaba perambulando por uma imensidão de consultorios e ouvindo um monte de diagnósticos conflitantes, e muitas vezes sai até INSULTADO DO CONSULTÓRIO DE ALGUNS MÉDICOS - que não falam claramente, mas dão a entender que o PACIENTE É UM DESOCUPADO, E PARA COMPENSAR SUA OCIOSIDADE, TORNOU-SE UM hipocondríaco..

Eu sou suspeita para escrever sobre estes assuntos, pois já sou uma HIPOCONDRÍACA assumida.


Agora, graças a Deus, posso dizer - sou uma HIPOCONDRÍACA de poucos remédios - tenho medo de remédios, fujo de remédios e somente os tomo quando são indispensáveis, ou quando me obrigam a tomar, ou quando uma dor ou algo muito forte me faz apelar. Senão, mantenho os remédios longe de mim, porque se sou hipocondríaca, ao mesmo tempo tenho FOBIA POR REMÉDIO. Será que fobia por remédio tem nome? Engraçado, eu não sei. Deveria saber.

Vou parar por aqui que estou um pouco cansada. Mas voltarei a este assunto, assim que for possível.

Nenhum comentário:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...