29 de mar. de 2011

A Hipocondríaca: Nascer, Viver, Morrer

A Hipocondríaca: Nascer, Viver, Morrer: "Desde há alguns dias venho pensando em escrever sobre este assunto - viver e morrer. É um assunto tétrico, chato, difícil de ser enfrentado ..."

A Hipocondríaca: Nascer, Viver, Morrer

A Hipocondríaca: Nascer, Viver, Morrer: "Desde há alguns dias venho pensando em escrever sobre este assunto - viver e morrer. É um assunto tétrico, chato, difícil de ser enfrentado ..."

Nascer, Viver, Morrer

Desde há alguns dias venho pensando em escrever sobre este assunto - viver e morrer. É um assunto tétrico, chato, difícil de ser enfrentado e por isto fuideixando para depois. Mas, hoje, morreu o José de Alencar, ex-vice-presidente da República. Homem forte, lutador e vencedor. Um vencedor, que saiu das Minas Gerais para ganhar o mundo e enriquecer. Participou da vida industrial, comercial e política deste país, foi um vencedor e batalhou, lutou contra a morte, e viveu enquanto pode, com as forças de uma personalidade tenaz.

Entretanto, a morte venceu. Venceu porque nada pode contra ela. Todos nós nascemos, vivemos e morremos. Todas as coisas têm início e final - nada é eterno. Nada é para sempre. Tudo acaba.

É horrível a gente imaginar a própria morte. Ninguém quer. Ninguém aceita, mas ao mesmo tempo é impossível se aceitar viver para sempre, a menos que se inventasse uma maneira de viver e ser eternamente jovem, saudável, bonito, inteligente e capaz. Mas viver depois de uma certa idade, deixa de ser um prazer para ser um arrastar em passos lentos a espera de um fim.

Dia desses estando num ônibus olhei para fora e fiquei pensando comigo mesma, que todas aquelas pessoas que caminhavam apressadas pela Av. Paulista, todas sem excessão, um dia morreriam. Aquela moça ligeira sobre seus saltos altos, aquele rapaz apressado carregando sua maleta, o velho trôpego andando devagar, a mulher de barriga enorme carregando um novo rebento, aquele homem de bermudas, vendendo suco na esquina, todos, sem excessão, um dia morreriam. Ninguém vai ficar, é uma loteria certa - favas contadas, todos, sem excessão terão um final.

Mas, de fato, ninguém quer morrer. Não queremos porque ninguém sabe o que existe depois da morte - se o silêncio eterno, um sono sem sonhos e do qual não se acorda nunca, ou se é que temos um espírito, uma alma, será que depois da morte ficamos presenciando o decompor-se de nosso corpo, o apodrecer de nossas carnes? Ou será que como dizem os adeptos do espiritismo, nos primeiros tempos após a morte ficamos anestesiados para evitar este sofrimento atróz para a nossa alma?

E viver eternamente, vale a pena? Você quer? Eu quero? Não, não queremos porque chega um momento que não temos mais objetivos - nem destino, nem rumo certo.

Eu por exemplo, me sinto abandonada por todos. Meus filhos dizem que eu que me isolo, mas não é verdade, eu apenas não tenho mais fôlego para ir e vir daqui para lí e participar da vida deles. E nem existe na vida deles espaço pra mim. Tudo que eu digo é bobagem, tudo que eu sugiro é tolice, tudo que eu aconselho é mau agouro, tudo é contra mim. Então fico em casa. Meus filhos querem que eu vá até eles, mas eles não economizam o tempo para ir ao encontro das sogras, dos amigos, etc. Mas o caminho da minha casa é longo e difícil, massante, então nunca se encontra tempo para vir me ver. O meu papo deixou de ser esclarecedor, para ser um papo desagradável.

Então, vale a pena viver?

Viver era bom, quando eu era jovem, bonita, inteligente. Chegava nos lugares e monopolizava as pessoas com minha conversa convincente. Eu era boa de papo, inteligente, lia muito, conhecia muito para a minha época e os locais onde vivia, pois em terra de cego, quem tem um olho é rei. Eu não era de fato tão inteligente, mas para os locais onde eu vivia a minha cultura barata de livros e revistas era o suficiente.

É interessante como a gente envelhece e emburece... é como se fôssemos incapazes de aprender algo mais, e o aprendido vai quem sabe sendo esquecido, ou se tornando inútil.

O prazer da vida está vinculado principalmente no conviver com as pessoas - sem conviver a vida não tem prazer e nem razão de ser. Mas conviver significa participar - e a vida social é feita de algumas atitudes ou momentos - os seres humanos elegem para se encontrar nos bares para comer, beber, fumar, namorar, amar. As pessoas escolhem para se encontrar em casa para almoçar, jantar, cear. Os casais marcam para se encontrarem para amar, fazer sexo, comer, beber e repetir tudo de novo. A conversa somente tem vez se os interesses são focados nos mesmos pontos, e a conversa precisa estar cercada de prazer, seja o prazer de comer ou de fazer sexo.

E o velho neste contexto onde entra? Em contexto algum, pois o velho não tem mais prazer de comer, porque tudo que é bom para comer faz mal - engorda, enfarta, mata, além de que o velho não tem dentes para mastigar. E ai? Vamos nos encontrar no bar, para comer e beber? O velho nao pode, então foge do encontro do bar.

O velho não faz mais sexo, e ai, vai se encontrar para dormir abraçado, fazer carinhos? Quem quer? Ninguém quer, nem um velho suporta outro velho, quanto mais um jovem suportar um velho.

Então, vejamos, a vida tem início, meio e fim - como um texto que tem uma introdução, uma narração de conteudo e um final (conclusão). O velho está na conclusão de uma trajetória, de uma estória, a sua HISTÓRIA. Se sua história foi bem escrita, talvez morra no conforto de sentir-se amado e reverenciado como José de Alencar, mas se sua estória foi mal escrita, se morre no abandono, no desprezo e no desdém da sociedade e não sabemos depois da morte, como é recebido este corpo, se pelos vermes da terra ou pelos anjos do céu.

Texto Tétrico. Inté.

23 de mar. de 2011

O Velho e a Solidão

Quando se é jovem tudo parece fácil. Temos agilidade, temos beleza, temos saúde, não precisa nem dinheiro. Basta saúde, beleza, agilidade, e pronto - tudo se transforma em alegria. Reune-se a turma e brinca-se de tudo, de roda, de dança, monta-se a cavalo, anda-se de bicicleta, joga bola, bate peteca, rola na grama, nada na piscina, vence as ondas do mar, corre de patinete na rua, sobe no muro, rouba flores no jardim do vizinho, e mil atividades a juventude encontra (digamos a juventude saúdavel) pois existe a juventude doente, viciada em drogas, bebidas, maus-costumes, a juventude deliquente digamos.

A juventude delinquente, pensa-se ser fruto da sociedade atual, cheia de conflitos familiares, etc, mas não, conflitos familiares existiram sempre, desde Adão e Eva. A juventude deliquente existiu sempre, na época dos meus avós, no meu tempo, e no tempo dos meus filhos. Ás vezes quando comento alguma coisa, como - meus filhos frequentaram a escola pública e se deram bem - ouço logo alguém dizer - mas no tempo deles era diferente.... E eles mesmos dizem.. mãe, no nosso tempo era diferente. Isto soa como se meus filhos tivessem cada um, cem anos, e eu duzentos. Como se o tempo deles fosse um tempo longíquo. Mas não, o tempo deles foi a poucos anos atrás e o meu tempo menos de meio século. Então, se olharmos os milhões de anos de existência da terra e da humanidade, o tempo dos meus filhos foi ontem e o meu tempo talvez, no máximo, antes de ontem. Neste tempo, a tecnologia andou rápida, voou, cresceu, mas o ser humano em sua essência continua o mesmo.. digo essência nos sentimentos, na emoção, na inteligência, na força de viver. Dizem que hoje se vive mais, sim, vive-se mais 10 anos, ou mais 15 que antigamente (rindo), mas o que são estes anos se olharmos a eternidade e o infinito do mundo? Nada. Então, muito pouco mudou. Todos nós continuamos um animal racional com sentimentos e reações irracionais.

Mas toda esta introdução é para dizer que ser jovem é BOM... que se algum jovem ler estes meus escritos, (que não acredito), mas se ler pense quanto é bom ser jovem e aproveite ao máximo esta juventude. Viva a vida com a força da sua juventude, fazendo reservas de forças e alegria para a velhice. Porque envelhecer é ruim. Estar velho é horrível. A gente fica dependente, fica feio, fica indesejável. O velho somente é bem quisto se consegue manter-se útil para a família, exemplo, aquela velha senhora que cuida dos netos, aqueles velho senhor que ainda faz compras, vai ao banco, resolve pequenos problemas. Este velho ainda consegue ser olhado com respeito, porque ele é útil.

Mas quando o velho é inútil, não tem forças mais para servir a ninguém, e mal dá conta de se auto-cuidar, este velho fica relegado, isolado, ninguém o visita, ninguém lhe telefona, ninguém divide com este velho as suas esperanças ou os seus sonhos, porque julga que o velho não é capaz de compreender, de compartilhar.

Eu fico às vezes meio confusa, exemplo é outro dia, que fui a uma clínica e falei aqui sobre o mau atendimento - então veja o paradóxio, parece que o remédio foi acertado, *apesar do mau atendimento) estou esperando completar o tratamento para avaliar melhor. Mas, o que quero comentar em relação a estas consultas - é que passei por dois médicos - um OLHOU PRA MIM E DISSE: a senhora é do meio médico? Eu disse - não. Ai ele disse - porque a senhora conversa muito bem e é clara ao relatar seus sintomas. Tentei explicar que eu sou apenas um papagaio, pois como trabalhei 5 anos em revisão de contas médicas no antigo INPS e era por isto obrigada a ler dezenas e centenas de diagnósticos mensalmente, acabei virando uma repetidora de termos médicos. Mas, o que eles significam em profundidade eu não sei nada.

Bom.. ai então fui para a outra sala, um médico MUITO desagrável - que ficou perguntando pra mim, se eu tinha entendido como era para usar os remédios.. então, veja bem, ele não deve ser muito mais jovem que eu, cabelos brancos também, mas ele olhava pra mim e me inquiria, como se eu fosse uma velha senil ou analfabeta que não fosse capaz de entender e diferenciar - shampoo de remédio.... Ele me dizia - este primeiro é SHAMPOO, minha senhora, o outro é UM CREME REMÉDIO, CORTICÓIDE, a senhora entendeu? Sempre que isto me acontece, eu fico muda, olhando de olhos estatelados para o meu intelocutor... não sei porque, eu perco a fala.

Então, as pessoas pensam que a gente envelhece e fica burro, senil - nem todo mundo fica senil ao envelhecer, lembro de minha mãe, lúcida, totalmente lúcida poucas horas antes de morrer, reconhecendo filhas, amigos e netos.

Lembro de minha irmã, lúcida, totalmente lúcida, dias antes de morrer, falando comigo ao telefone, com um fio de voz lá longe, que me fez chorar - mas lúcida.

Eu por exemplo, sinto claramente, que já não tenho a mesma agilidade física e nem mental de digamos 15 anos atrás. Mas me sinto lúcida ainda, capaz de escrever todas estas bobagens aqui no blog e até de criticar e exigir atenção e carinho, porque me sinto muito só.

MAS O OBJETIVO DESTE ARTIGO - CAPÍTULO, NÃO ERA FALAR DA SOLIDÃO DO VELHO?

Mas acho que é isto que estou falando. Estou falando que nós velhos ficamos esquecidos no canto, como um pano velho e sujo, como um pneu que não roda mais, como uma bola furada que não levanta voo quando chutada pro alto. Ficamos assim, tão longe dos filhos, tão esquecidos dos vizinhos, dos amigos, dos parentes, que parece que o silêncio tem som, som de saudade do tempo em que a gente era jovem, saudade do próprio riso, saudade do grito dos filhos, saudades das reclamações do marido, saudade do latido do cão lá no quintal - porque na vida do velho só o silêncio se faz ouvir nos dias e nas noites e nas horas.

SERÁ QUE VALE A PENA VIVER? Viver assim desamados, indesejados, inúteis e cheios de problemas ?- dor no pé.. dor nas costas, dor na cabeça, boca seca, pele enrugada, olhos apagados, sorriso morto, voz sumida, esperança esquecida. Vale?

VOU COLOCAR ABAIXO ALGUNS LINKS PARA ILUSTRAR ESTE MEU ARTIGO O QUE PROVARÁ QUE NÃO SOU UMA VELHA LOUCA, E SIM MUITO LÚCIDA.

ENVELHER E O AFASTAMENTO SOCIAL DOS VELHOS - CLIQUE

O VELHO E PALAVRAS RABISCADS - CLIQUE

VELHICE - SOLIDÃO E FOCLORE - CLIQUE

17 de mar. de 2011

Vida de Hipocondríacos ou doentes polivalentes

Esta semana, visitei dois médicos, na mesma clínica (que não vou citar nomes, pois não é este o objetivo do blog) e ai, quero fazer o meu depoimento: PÉSSIMO ATENDIMENTO - ISTO PELO PLANO DE SAÚDE - sai assim meio que aborrecida, pois me deu a impressão que não fui bem vinda.

Bom, fiquei procurando, procurando um meio de juntar duas especialidades num local só, então escolhi uma clínica onde eu poderia me consultar com um ginecologista e logo a seguir com um dermatologista, pois visitar médicos em sampa é uma loucura - perde-se tempo no trânsito, cansa-se, gasta dinheiro, e muitas vezes perde-se a viagem.

Digo que procurei estes dois especialistas, porque não sei se é, distúrbio hormonal ou devido a (tal da Cirrose Biliar Primária), mas estou cheia de dermatites, e coceiras por todos os lados.

E ai, a minha sina de hipocondríaca não me deixa outra opção a não ser ficar rodando de um lado para outro, pois é secura do nariz, secura da pele com consequente dermatite e coceira, é dermatite no couro cabeludo (caspa seca), é enjoos tudo que come faz mal, é dor nas costas, coração ora acelerado, ora meio paradão.... (eita hipocondria danada). Então, visitemos médicos, para a dermatite que está em diversos pontos do corpo, visita-se o dermato, o gineco, para o estomago vai-se ao gastro, para os hormonios da tireóide vai-se ao endocrino, para as disritmias vai-se ao cardio, para as dores musculares e ósseas vai-se ao reumato, ou ao ortopedista, e to aqui pensando em procurar um NEUROLOGISTA para minhas tonturas e desequilibrios.. (eita nóis).

E ai, meu Deus, andando para baixo e para cima, que horas vou trabalhar para faturar algum e ajudar meus filhos a pagar os meus custos de viver nesta reta final? Que horas, vou ter para visitar meus filhos, ver meus netos? Mas, netos e filhos parece que nem tomam conhecimento que está velha hipocondríaca poderia ser menos doida, se se sentisse um pouco mais amada.

Agora, quanto ao atendimento da clínica, não vou nem questionar se a medicação que me receitaram está certa ou errada, não tenho autoridade para isto. Mas achei uma displicência total - nem o gineco - nem o dermato fez um levantamento de minha vida pregressa - e pra que iriam fazer, não vale a pena levantar os dados de uma velhinha em reta final - amanhã ela nem contará mais como paciente - será apenas um numero de ficha no computador da clinica, que daqui a 5 anos apagaremos.

Mas, ai, como são doutos, especialistas de ponta, mandei fazer os remédios, porque todos remédios manipulados - e - caros. Então formulas de 300 grs, mandei fazer 100 grs, xampoo de 300 ml mandei fazer 100 e assim, um custo de cerca de R$ 230,00 acabou ficando por volta de R$ 70,00. Assim, pelo menos se o remédio me der algum piripaque, o que sobrou da compra dá pelo menos para pagar um taxi para correr para um pronto socorro.

Agora, o atendimento ´foi péssimo - em menos de 15 minutos fui vista por dois profissionais, incluindo um exame ginecológico feito no vapt-vupt.

CONCLUSÃO

A medicina é uma profissão nobre (considerada nobre, porque lida com vidas humanas,com sentimentos, a medicina nao pode ser industrializada, comercializada, que aliás era proibido pela Associação Médica do Brasil, que o médico fizesse propaganda de seus serviços. No máximo podia colocar uma plaquinha na porta Dr. Fulano, especialista em... xxx). Entretanto, o mundo evoluiu e as coisas mudaram, hoje os médicos fazem propaganda em jornais, revistas, internet, etc. A maioria em nome de entidades, tipo clinicas especializadas, hospitais, etc.

Mas a crítica não está na propaganda, mas sim no modo de exercer a profissão. Porque mesmo um bar, um restaurante, um cabelereiro, faz a propaganda e tem que PRIMAR PELO BOM ATENDIMENTO E PELA QUALIDADE DOS PRODUTOS QUE VENDE OU QUE PRODUZ para entrega direta ao cliente.

Mas, os médicos estão esquecendo algo muito importante, que o profissional médico se faz pela indicação de boca a boca, um paciente bem atendido traz 10, traz a familia inteira e se cada 10 atendidos bem, trouxerem mais 2 cada, assim se faz o nome do médico. Mas, por exemplo, EU NÃO INDICAREI NUNCA NINGUÉM PARA ESTA CLÍNICA. Vou usar o remédio sim, pois nao tenho outra alternativa, preciso da medicação e se for marcar outro médico vou novamente esperar 20 dias, como esperei agora.

CRÍTICA FINAL - os planos de saúde poderiam em benefício próprio, fiscalizar melhor os seus crednciados - pois hoje, os planos de saúde tem mais pedidores de exames do que médico que trata pacientes.

E pior, os pacientes pensam que saem de um plano de saúde para outro e ficarão melhor servidos, puro engano.. é a estrutura que está errada.

13 de mar. de 2011

Serviços Médicos - só um comentário

Ontem, recebi de um médico um comentário a respeito do meu texto “A Pirâmide na Medicina”, transcrevo na íntegra o que veio escrito sem nomear o autor, pois não é minha intenção neste blog – se a pessoa quisesse dizer isto publicamente, usando sua imagem, faria um comentário – se comentou só comigo, eu transcrevo, mas sem aludir de quem:

A propósito, concordo com o texto da Pirâmide da Medicina. Infelizmente, enquanto as consultas médicas mal cobrirem os custos do consultório e o Estado não fornecer boas condições para o clínico geral no serviço público, isso não será resolvido”.(sic)

Este é um parágrafo curto, de sentido amplo, o qual pode-se discutir por horas a fio, páginas e mais páginas – fazer até uma tese – um plano, um projeto. Este parágrafo contém duas situações reais e que eu já citei anteriormente – o enorme contingente de pessoas buscando atendimento médico nas redes públicas (postos, hospitais, etc) e a escassez de clientes dispostos a pagar por consultas particulares – e neste meio entram OS PLANOS DE SAÚDE que deveriam equilibrar esta oferta e procura de serviços – reduzindo o contingente na área pública e aumentando o volume de atendimento de pacientes conveniados. Entretanto, isto não acontece. Os planos de saúde reduziram a remuneração dos serviços médicos e estes então não querem mais atender o paciente pelo convênio e quando atende, quer atender 4 pacientes por hora, para assim ter o valor que ele acha que vale a sua hora técnica.

15 minutos de atendimento, mesmo o médico sendo especialista é insuficiente para que em uma primeira consulta todas as variações do caso do paciente sejam avaliadas.

Mas, como eu disse em texto anterior, hoje, a situação do atendimento médico para a população é bem melhor que há 40 ou 50 anos atrás. Entretanto, não é ainda a ideal, nem para o povo, nem para o médico.

Para solucionar em parte esta situação – insatisfação dos profissionais de saúde, e necessidade efetiva da população, eu sugeriria – (veja não sou economista, nem médica, nem pertenço a qualquer associação comercial ou política) – mas pela observação da vida, sugeriria que:

..... Os médicos baixassem os preços de consultas para possibilitar um afluxo maior de clientes particulares aos seus consultórios. Tem que levar em consideração que somente uma pequena parcela da população tem poder para pagar uma consulta nos valores que hoje estão sendo praticadas – tem médico cobrando por uma consulta particular 10 vezes o que ele receberia de uma consulta do convenio. E ai, a população não pode pagar, e alguns mesmo podendo não pagam por uma consulta rotineira este valor.

.... Em São Paulo, alguns médicos já usam na prática cobrar do cliente vindo de plano de saúde o valor que ele receberá de reembolso, e assim, o cliente se sente mais animado para pagar, e o médico melhor remunerado, pois de fato os planos de saúde reembolsam o paciente em 2 vezes o que eles pagam diretamente ao médico. Assim o médico recebe mais, o paciente se sente mais bem atendido e com mais rapidez..

Muita coisa precisa ser re-organizada dentro da estrutura de atendimento médico no Brasil, de modo a que todos fiquem satisfeitos – profissionais de saúde e pacientes. Entretanto, não é fácil chegar-se a uma situação ideal.

A doença já é por si só uma situação de conflito e de dor e insatisfação. Assim, como houve uma melhora nos sistemas nos últimos anos, quem sabe nas próximas décadas esta melhora seja mais sustentável.

Tudo está evoluindo a passos rápidos com apoio da tecnologia. Entretanto, a medicina ainda precisa ser exercida por cérebros humanos, com calor humano.

Vou ficar por aqui, nem sei pra que estou falando a respeito de um assunto que não é de minha alçada, já que nada posso fazer para mudar a situação.

9 de mar. de 2011

Primeira página de confidências - será?

A CIDADE DE SÃO PAULO (SAMPA) E OS VELHINHOS PASSEANDO DE MERCEDES

Quero falar agora, das dificuldades que as pessoas de idade mais avançada têm neste trânsito infernal da cidade de São Paulo.

Mesmo que as autoridades e administradores busquem facilitar com reservas em ônibus e metrôs de bancos na parte da frente para os velhinhos e deficientes físicos, ainda é difícil para nós os velhinhos transitarmos em São Paulo.

Difícil subir os degraus de alguns ônibus, muito altos, exigindo uma ginástica que as pernas não querem alcançar. Os motoristas afoitos que muitas vezes não estão com paciência para esperar, que velhinhos e deficientes subam ou desçam e já saem arrancando, provocando acidentes, que nem sempre são percebidos por estes motoristas e as outras pessoas - porque para o velhinho um arranco na coluna é o suficiente para ele perder o equílíbrio e ficar muitos dias sem poder caminhar.

Além disto tem aquelas pessoas mais jovens que entram no ônibus e sentam-se nos bancos reservados e dormem, ou fingem dormir e lá ficam os velhinhos agarrados nos suportes tentando se equilibrar.

E tem mais, e muito mais, em São Paulo para ir de um lugar a outro muitas vezes precisa-se, pegar um ônibus aqui, descer acolá, naquela esquina, subir em outro ônibus e depois descer, e caminhar, pegar um metrô, descer do metrô, subir escadas, descer escadas, e sair à rua para pegar outro ônibus e só então chegar ao destino final.

Para os jovens isto é uma loucura de um exercício diário para ir ao trabalho, escola etc. Mas o jovem enfrenta, não com felicidade e prazer, mas enfrenta esta rotina infernal, desgastante, amarga. E o velhinho, doente, com insuficiência cardíaca, com escoliose, hérnia de disco, reumatismo como é que enfrenta? Que acontece?

E ai, lá vai o velhinho ao médico, enfrenta toda esta viagem, chega, fica na fila, passa pela consulta e o médico pede que ele faça, exames de sangue, raio x, tomografia, ressonância magnética, etc.. etc.. etc.. etc... e lá vai o velhinho vagando pela cidade maravilhosa que é São Paulo, daqui pra li, exame cá, exame lá.. etc.. parece turista viajando em busca do conforto para suas dores e obtendo com isto só mais dores.

De repente, o velhinho cansa, senta em casa, abre a porta, puxa bem fundo o ar, e espera. Espera que Deus lembre de lhe dar o descanso de tão infernal vida, de andar daqui para li, buscando alívio para velhice, que é doença sem cura.

Bom, isto que estou escrevendo hoje é porque amanhã é meu dia - endocrinologista, exames de sangue, etc.. e será que haverá algo mais?

Depois uma tentativa de pegar um laudo no gastro,...... depois mais um exercício para buscar um remédio. Será que eu consigo? To aqui pensando.. se saio daqui de BUS (o MERCEDÃO DA PREFEITURA) OU JÁ SAIO DE TAXI - OU SE VOU DE BUSO ATÉ UM DETERMINADO PONTO.. E DEPOIS PEGO O TAXI ... OU SE FICO PEGANDO MERCEDÃO, SUBINDO AQUI E DESCENDO ALI... eita nóis.. mineiro não perde o trem.. mas este trem eu acho que já perdi.

Em Sampa, esta cidade maravilha, uma das maiores do mundo e repleta de desorganização e confusão, a gente tem que planejar como vai, como fica, como volta.. e mesmo aqui muitas vezes ficamos pelo caminho procurando soluções que não existem não.

FIM DE PAPO PARA HOJE.. AMANHÃ TEM MAIS.

7 de mar. de 2011

Cirrose Biliar Primária - voltando ao assunto

Mais uma vez, estou solicitando a todos que aqui estiverem, se conhecer alguém que tenha Cirrose Biliar Primária, ou outro tipo de doença hepática, indique este site, para que possamos iniciar uma troca de informações a respeito do assunto.

Isto é importante para mim.

Serviços Médicos - ontem e hoje (lembranças) parte 2

Talvez, escreva pouco hoje, pois estou com pouca disposição, para não começar dizendo que não me sinto bem e então enveredar por um monte de divagações e queixas infrutíferas.

Falei no artigo anterior, a respeito da precariedade dos serviços médicos de 40, 50 anos antes, e a evolução. Falei sobre o heroísmo e a boa vontade do médico de cidade pequena, que atendia seu cliente mais pelo amor ao ofício que de fato pela remuneração financeira que receberia. Não tinha outro jeito, ou se exercia a medicina como um sacerdócio, ou a abandonava.

Nesta evolução veio o INPS, os postos de saúde, e assim foram sendo abertas várias facilidades para que o povo pudesse ter acesso aos serviços médicos - voltando a frisar que isto passou a acontecer nas cidades de médio a grande porte, pois nas cidades pequenas e perdidas no sertão, tudo continua como antes, precário.

Entretanto, apesar de todo o esforço de ampliação dos atendimentos médicos e ramificações - espalhando-se postos de saúde, postos do INPS e abrindo-se oportunidades em hospitais, surgiu junto com todo esta oferta - a BUROCRACIA - e a burocracia passou a emperrar os atendimentos.

Surgiu junto com a burocracia, a má vontade, o oportunismo, que vem de alguma forma prejudicar o com desempenho do exercício da medicina para as populações mais pobres.

Existe assim, parece, que uma dificuldade de se administrar e coordenar adequadamente a oferta e a procura. A procura é maior que a oferta, e a oferta de serviços acaba se perdendo em excessos de exames laboratoriais, rotinas, marcações e remarcações de consultas e junto muito vai se perdendo pelo caminho.

Mas, algumas vantagens tem-se de tudo isto - exemplo os sistemas de vacinação das crianças, vacinas de velhinhos, planejamento de assistência à mulher grávida. Afinal, tudo que pode ser planejado a longo prazo e executado tem dado certo.

Hoje, as condições do exercício da medicina está bem melhorada para os médicos - embora reclamem ainda da remuneração por parte dos serviços públicos e dos convênios médicos - mas para o povo ainda existe muita dificuldade, muita fila a enfrentar, muita espera, muita angústia e ansiedade para se chegar até o dia de uma consulta e se decepcionar pela frieza, rapidez e muitas vezes descaso do médico que atende aquele paciente que esperou por ele meses.

Do lado do médico ele tem suas razoes - carga excessiva de trabalho - exercício da medicina em diversos hospitais, correndo de um lado para o outro para conseguir atingir o faturamento a que se propõe. Mas do lado do paciente a coisa é crítica - porque se ele esperou meses por uma consulta, vai esperar dias para a execução dos exames e outros tantos dias ou meses para retornar com os exames para mostrar ao mesmo médico - ou outro médico, e como eu já disse em artigo anterior, neste meio tempo os problemas do cliente cresceram ou a doença inicial deu seguimento a outra doença mais grave, ou pode ser que o cliente nem volte, já morreu num pronto socorro qualquer da periferia ou em sua própria casa.

Isto é trágico. É trágico porque no ONTEM que eu falei, o médico pelo menos tomava conhecimento quando seu paciente morria e aquilo muitas vezes era um ensinamento para os outros atendimentos. HOJE, muitas vezes o médico nem fica sabendo que seu cliente morreu, nem que teve um efeito colateral do remédio que ele (médico) receitou - porque entre o MÉDICO E O PACIENTE existe uma distância enorme - estão separados pela BUROCRACIA, pelo PODER ECONÔNICO, pela correria das cidades grandes, pela incapacidade que muitas vezes o paciente tem de se comunicar com seu médico, pois ao tentar é barrado pela recepcionista, pela telefonista. O paciente nao sabe nada de seu médico, qual é o dia que ele está no plantão, quando estará no consultório, e se tem um contratempo com medicamentos ou piora na sua doença só lhe resta aceitar ser atendido por qualquer plantonista de pronto socorro que nunca o viu e nem tem idéia do que aquele paciente tem.

Conclusão:
Alguma coisa precisa ser mudada na rotina de atendimentos médicos, visando o bem estar do paciente, a confiança entre paciente e médico, e até como respaldo de conhecimento do médico - alguma coisa precisa ser mudada para que o médico tenha oportunidade de acompanhar a evolução de uma doença, do estado de saúde de um paciente.

Vou parar aqui. Como eu disse não estou bem hoje e quando não estou bem, eu penso mal e escrevo mal, e falo o que não devo dizer.

ABAIXO UM LINK A RESPEITO DE BUROCRACIA - quando eu falo na burocracia neste texto, não é uma crítica negativa, mas sim uma observação de que, em nome da ordem, a burocracia acaba emperrando os processos e andamento - e isto em medicina não deveria acontecer. Também, eu não desejei dizer que todos que participam do processo burocrático são ineficientes - mas uma coisa é certa, no meio de 10 eficientes, um ineficiente e que atua de má vontade é o suficiente para que o sistema deixe de funcionar como deveria.
Vejam abaixo um artigo que busquei na internet.

CLIQUEAQUI PARA LER O ARTIGO

A Hipocondríaca: Serviços Médicos - ontem e hoje (lembranças) parte...

A Hipocondríaca: Serviços Médicos - ontem e hoje (lembranças) parte...: "Os comentários que venho fazendo neste blog estão em sua grande parte alicerçados naquilo que vi, vejo, percebo, e não em pesquisas teóricas..."

6 de mar. de 2011

Serviços Médicos - ontem e hoje (lembranças) parte 1

Os comentários que venho fazendo neste blog estão em sua grande parte alicerçados naquilo que vi, vejo, percebo, e não em pesquisas teóricas ou históricas, embora que de teoria e história eu até saiba um pouco. Mas prefiro falar do que vi, percebi e fui paciente ao longo da minha vida. Isto aqui é um depoimento baseado na experiência pessoal, e não uma pesquisa.
O título que dei ao meu blog a Hipocondríaca tem sua razão de ser e precisa se auto-justificar.

A minha primeira imagem do médico vem da minha infância, de um homem alto, meio desingonçado, que gostava muito de uma branquinha, e por isto, muitas vezes aparecia na casa de seus pacienes um pouco mais alegre que deveria ser, eque exercia a medicina numa cidade de 5.000 habitantes sem apoio de laboratórios, instrumentos especiais ou máquinas, etc. Aplicava ele mesmo as injeções que receitava, e fazia curativos, e acompanhava entre um café e um drink, ou uma bolachinha feita em casa, a evolução de pacientes graves ou em estado terminal. Era assim, meio que científico e meio que empírico, tratava-se o paciente com banhos para baixar febre, compressas para dores, bolsas de água quente para amenizar dores, chás de toda espécie. Era o olho clínico, a observação, o esforço, a vontade de ajudar, a dedicação à medicina. Pouca retribuição financeira, muito agradecimento feito de afeto, e também de presentes. O dinheiro era escasso naquela população de 99% pobres, e miseráveis, e este povo dava ao médico o que tinha - reconhecimento, agradecimento e presentes de produtos in natura - tipo mantimentos, animais vivos.

Então o médico da cidade pequena, além do imenso sacrifício e dificuldades para atender aquela população, era simplesmente retribuído por gêneros de primeira necessidade, como arroz, feijão, leite, ovos, carnes, verduras, e dinheiro mesmo era muito pouco - o que lhe dificultava inclusive comprar equipamentos mais modernos para atender mais cientificamente aquele povo. Entçao, o medico era aquela figura reverenciada, amada, respeitada, e buscada para tudo, desde para socorrer os doentes, como para dar conselhos e participar de festas familiares e sociais.

O médico de sua parte, diante de tanta precariedade de recursos técnicos, fazia o que podia, enfrentava doenças que ele não conhecia e muitas que embora conhecendo não tinha os medicamentos necessários ao alcance para fornecer aos seus clientes.

Lembro-me por exemplo que quando criança eu tomava muita penicilina - era um medicamento de ponta, tinha sido lançada exatamente na década de meu nascimento. Bom, para tomar tão importante medicamento, meu tio que era gerente dos Laticínios Aviação e do Banco Itau, mandava ir de São Paulo, mas as pessoas em sua maioria ainda não tinham condições de comprar tão milagroso medicamento, surgido na década de 40.

Quando eu tinha por volta de 12 anos, mudei-me para uma cidade um pouco maior, já com 10.000 habitantes (Sta. Rita de Cássia - MG). Ali então já contávamos com 3 médicos, mas a precariedade de recursos de laboratórios e exames especiais, continuava a mesma coisa. O médico continuava, usando os instrumentos básicos, tais como o termômetro, o medidor de pressão arterial, balança para pesar os pacientes, e olho clínico, muito olho clínico, e mãos treinadas para apalpar, ouvidos para ouvir, e atenção. Logicamente que devido a precariedade, doentes graves acabavam falecendo por falta de medicamentos especiais e recursos técnicos para diagnósticos.

A minha cidade natal, não tinha nem hospital - Santa Rita de Cássia, já tínhamos a Santa Casa, onde as pessoas eram atendidas, e feitas já algumas cirurgias - acredito que a Santa Casa tivesse laboratório, entretanto, não era costume dos médicos estar mandando clientes ambulatoriais para exames de rotina, tais como hemogramas etc. Ah, tínhamos o posto de saúde, que fazia já na época exames de fezes, e sangue para Machado Guerreiro e Sífilis. Estas eram as doenças mais temidas na época.

Estes médicos atendiam em suas próprias casas. Nada de consultórios sofisticados, era uma sala dentro de suas próprias casas - hoje fico pensando que embora barateasse o custo do exercício da medicina, expunha muito o médico e sua família a riscos de contaminações com doenças mais sérias. Entretanto, pelo menos nestas duas cidades era assim que as coisas funcionavam.

Mas ainda, em Santa Rita de Cássia, o médico financeiramente tinha pouco respaldo. Mas, eles tinham o apoio da prefeitura, que pagava parte dos custos de atendimento à população mais pobre, ai então, o médico atendia em um posto de saúde de instalações super precárias.

Em 1961, tive meu primeiro contato com ambiente hospitalar. Devido a um problema, que nunca ficou muito claro na minha cabeça, eu comecei a perder peso e ter sangramentos menstruais de longa duração, e entrei num estado de anemia e fraqueza. Incialmente, minha mãe, levou-me a Franca SP, num médico de nome Jarbas Spinelli, que me medicou, mas deixou minha mãe alarmada, dizendo que eu tinha ANEMIA PERNICIOSA e que como ela ja tinha perdido vários filhos com estes sintomas, perderia mais uma. Então, minha mãe, levou-me a S. Sebastião do Paraíso, onde fui atendida em ambiente hospitalar por um tal de Dr. Urias. Naqule hospital eu fiz os meus primeiros exames de sangue e de urina, (coisa que nunca tinha feito), eu estava com 15 anos.
O diagnóstico do Dr. Urias não ficou longe do diagnóstico do Dr. Jarbas, mas ele foi mais efetivo - receitando-me inicialmente, vermifugos, e logo a seguir iniciei tratamento com injeções de Ostelin Cálcio B12, e uma sequência de injeções Betanutrex, e recomendado o reforço alimentar com muita folha verde e fígado de vaca.

Bom, contei minha estória, para chegar onde eu quero - ou seja, comentar que, há 50 anos a medicina era exercida de forma precária e quase como um sacerdócio, pois financeiramente, nas pequenas cidades não era compensativa, e acredito que hoje em cidades do interiorzão, cafundóz do Sertão do Brasil, as coisas ainda funcionam assim - quase que da mesma forma que eu vi na minha infância, poucos recursos de equipamentos, de laboratórios e nenhuma estrutura hospitalar nas quais os médicos destas regiões possam se apoiar para exercer uma medicina moderna e avançada, tal qual vemos em cidades grandes e no mundo.

Mas, em 1963, mudamos para Franca SP, cidade já na época industrializada, muitas fábricas de calçados, curtumes (com descarga dos detritos industriais tóxicos tais como o sulfureto dos curtumes e colas das fábricas, a céu aberto, o que atingiu em muito a saúde das pessoas, inclusive a minha), mas a cidade então já contava com uma estrutura melhor de atendimento médico, com 2 hospitais, laboratórios de análises clinicas, radiologia, posto de saúde, e alguns médicos especialistas (não tantas especialidades como existem hoje) mas algumas: cirurgiões, urologistas, cardiologistas, ginecologistas, otorrinolaringologistas, dermatologistas, eram as especialidades principais da cidade de Franca, mas já era muito melhor que a existentes nas minhas cidades de origem em Minas Gerais.

Em Franca então, já existia sistemas de vacinas para algumas doenças, tais como varíola, tuberculose, e abreugrafia obrigatória para escolares e trabalhadores da indústria e comércio. Entretanto, outras vacinas como poliomielite, sarampo, caxumba, etc, somente tomava quem tinha dinheiro para pagar a importação. Meus primeiros filhos que nasceram entre 1965 a 1969, por exemplo, não receberam estas vacinas. Receberam tão somente da tuberculose no berçario e depois mais tarde da varíola, que de fato não os protegeu e pegaram anos depois a varicela. Todos os meus filhos tiveram imunização ativa - ou seja, sofreram a doença para estarem imunizados, (sarampo, caxumba, coqueluche, e mesmo vacinados,tiveram varicela).

Em 1969, foi o Bum médico em Franca, surgiu o INPS - INSTITUTO NACIONAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL, junção dos vários IAPS, feita então pelos militares.

A partir deste momento é que o povão, os menos favorecidos em Franca, e até no Brasil, começaram a ter acesso a um atendimento médico mais ampliado, e possibilidade de prevenção de doenças, tais como tuberculose e doenças sexualmente transmissíveis e também uma assistência mais efetiva a partos e cuidados com a primeira infância.

Naquela época, para os médicos que viviam quase da boa vontade da retribuição de seus pacientes, e lógico de atender os ricaços (pois o que seria dos médicos se não existissem os ricaços para serem tratados?) mas que a maior parte do tempo trabalhavam na contra-mão de recursos efetivos para o exercício da profissão, o advento do INPS foi a glória. Todo médico queria ser funcionário ou credenciado do INPS (diferente de hoje, que nenhum médico quer mais trabalhar para o INPS). Eu fui funcionária do INPS neste período e responsável pelo credenciamento de médicos e hospitais e pagamento das contas médicas e vi de perto todo este reboliço da época, participei como paciente e como autora, ou seja a credenciadora e coordenadora de serviços médicos já na região de Osasco SP). Tudo neste mundo novo de INPS era precário ainda, com poucos funcionários para o atendimento e dinheiro minguado enviado pelo governo, mas maravilhoso se comparado com o antes e depois do INPS. Antes, a população mais pobre não tinha nenhum acesso a recursos médicos, eram dependentes da boa vontade de médicos e da capacidade das SANTAS CASAS fazerem o atendimento. Estas Santa Casas, ligadas a igreja católica, estavam espalhadas em todo o Brasil e davam assistência à população carente, através de ambulatórios com pouca estrutura física e de higiene mínima, e através de médicos mantidos por prefeituras e fazendeiros das regiões. Nestas Santas Casas existiam as enfermarias com cerca de 20 camas em cada quarto (salões enormes chamados de quartos ou enfermarias gerais), onde uma enfermeira circulava atendendo a todos como podia. Quartos individuais eram reservados a pessoas de posses, tais como fazendeiros, comerciantes e industriais, que em sua maioria eram MANTENEDORES DESTAS SANTAS CASAS com contribuições mensais ou anuais em dinheiro.
Outra situação em que os pacientes eram tratados em quartos individuais era quando o médico desconfiava de doença tramissível como lepra, tuberculose e doenças viróticas. Estas pessoas sim eram levadas a quartos chamados de isolamento. E quando morriam estes quartos ficavam fechados e eram descontaminados através da queima de formol - colocava-se o formol em uma lata e fechava tudo, vedava até as frestas das janelas e deixava aquela fumaça dentro do quarto por horas para a desinfecção - acreditava-se que isto deixava o ambiente limpo. Será?

Com o advento do INPS, quem pagava a previdência, principalmente, os trabalhadores da indústria e comércio, passaram a ter um atendimento melhorado, em enfermaria de no máximo 5 camas, esta era a exigência do INPS para credenciar um hospital. E o médico credenciado podia atender no máximo 20 pessoas por dia em consultório.

Mas, mesmo com o advento do INPS, o atendimento do governo na área médica continuava deixando a desejar, pois somente grandes cidades, de fato, foram agraciadas com um posto de INPS, credenciamento de hospitais e médicos - cidades no Estado de S. Paulo, como Franca, Barretos, Campinas, Ribeirão Preto, Jundiaí, Sorocaba, Piracicaba, e outras de densidade demográfica semelhante e indutrializadas, receberam postos do INPS, mas as cidades pequenas de S. Paulo, a periferia das capitais, e as cidades dos cafundóz do Sertão brasileiro, continuaram todos na mesma carência de assistência médica efetiva. Não sei como as coisas aconteceram em outros Estados, aqui estou prestando um depoimento do que vi, participei e senti como pessoa, e paciente.

Vou parar por aqui, pois estou cansada. Antigamente, eu era capaz de datilografar 50 páginas por dia, hoje, 10 páginas me deixa exausta, dói o braço, as costas e preciso parar. Este é o efeito do envelhecimento, perde-se tudo, mesmo que o cérebro continue sendo capaz de pensar e criar, o corpo se torna incapaz de executar.

PENSEM NISTO E PREPARAREM-SE PARA O FUTURO.

AMANHÃ EU VOLTO NESTE MESMO ASSUNTO E PROCURAREI CORRIGIR OS ERROS DE DIGITAÇÃO DESTE TEXTO.. HOJE, DEIXEMOS ASSIM.

1 de mar. de 2011

A Pirâmide na Medicina

Hoje, vou tocar num assunto um certo tanto complicado e sei que vou desagradar a muitos e merecer compreensão de poucos.

Eu nasci assim, meio de pá virada (como diz o mineiro), meio que revoltada, fora dos conformes, e inconformada, apontando defeitos em tudo, encontrando erros que eu não tenho condições físicas, intelectuais, financeiras e nem tão pouco força política para mudar os fatos do meio social em que vivo.

Deveria então, simplesmente, me calar, me conformar e ir tocando a minha vida. E de fato, tem sido o que venho fazendo nos último anos, calando, e tocando a minha vida do jeito que ela me foi proposta, já que pouco posso mudar do contexto, do meio social.

Mas, muitas vezes, fico ruminando coisas na minha cabeça e gostaria tanto de conversar com alguém, colocar pra fora minhas idéias meio malucas, mas não consigo fazer isto, porque filhos crescem e se tornam sábios e olham para os pais como pessoas que viveram em eras medievais, netos chegam e vão logo crescendo rápido e ganhando outros olhares para o mundo, principalmente agora, que as crianças já nascem com um olho na tv e uma mão no mouse e outra no teclado do computador.

Hoje, em dia, as crianças já nascem, parece, que prontas para a tecnologia. Será transmisssão de conhecimento através das células? Será que nós incorporamos nossos conhecimentos a todas as células do nosso corpo, inclusive as germinativas, aquelas que vão dar forma a novos seres os nosos filhos? Será transmissão de conhecimento ainda no útero da mãe, já que hoje as mulheres estáo cada vez mais avançadas em conhecimentos científicos e tecnológicos e a ciência agora diz que a criança dentro do útero ouve a mãe participa de todas as suas emoções? TENHO PENSADO MUITO NISTO NOS ÚLTIMOS DIAS, E ISTO PODERIA ME EXPLICAR UM MONTE DE PROBLEMAS QUE ENFRENTO NA VIDA E PARA OS QUAIS AINDA NÃO ENCONTREI EXPLICAÇÃO.

Não sei, mas de fato, as crianças hoje, já nascem com tendências e parece que conhecimentos que em outras eras jamais pensaríamos.

Mas então, nós os velhos, vamos ficando nos cantos, calados, deixando de discutir determinados assuntos, pois podemos ser censurados, ou ainda julgados dementes, ou até considerados insuportáveis, ranzinzas, reclamões, etc, etc. Então, a gente se cala.

Por outro lado, colocar nossas idéias a respeito de algumas situações já estabelecidas e aceitas por todos na sociedade como corretas, pode de alguma forma voltar-se contra nós e nos prejudicar nos relacionaentos familiares e sociais.

Mas eu acho que alguém precisa comentar sobre a PIRÂMIDE DA MEDICINA DE HOJE.

Vamos começar do começo, que é a melhor forma de deixar o assunto mais leve e mais compreensível.

Todo mundo sabe, o governo sabe, a Associação de Médicos do Brasil AMB, os médicos, as escolas de medicina - todos SABEM - que a pirâmide médica, nos dias de hoje, está funcionando na forma inversa da ordem correta.
Todos sabem que para a medicina ser exercida de forma a beneficiar pacientes, a própria comunidade médica e a sociedade em geral, evitando uma série de sofrimentos e sacrifícios, e até para agilizar diagnosticos e baratear o custo da medicina e evitar-se diagnósticos errados - a piramide deveria se reverter da situação atual para uma nova forma de atuação.

COMO ESTA HOJE A PIRÂMIDE?
A pirâmide hoje está alicerçada em um lastro enorme de ESPECIALISTAS - E SUPERESPECIALISTAS e praticamente quase nenhum CLÍNICO GERAL.

O próprio serviço público acaba fomentando esta PIRãMIDE, contratando ESPECIALISTAS E SUPERESPECIALISTAS E NÃO DANDO VEZ AO CLINICO GERAL.

Atualmente, quando a pessoa tem um problema de saúde, ela começa pelo ESPECIALISTA - e se erra de especialista - acaba sendo empurrada num roda viva de um especialista que empurra em outro especialista e assim vai - e a cada especialista esta pessoa é submetida a um MONTE DE EXAMES COMPLICADOS, PERIGOSOS, RADIOATIVOS, INTOXICATIVOS, EXAUSTIVOS E MUITOS DELES principalmente os da área gástricas que detonam a imunidade e a resistência física do paciente com laxantes intensivos, sondas, tubos, e uma invasão sem fim de estômago, intestinos etc, antes que ele consiga ter um diagnóstico de sua doença, ele já está mais doente, do que quando começou.

Se o paciente tem sorte de cair no ESPECIALISTA CERTO, logo no início de seus sintomas, ele é um felizardo, vai ser tratado e recuperado em curtíssimo espaço de tempo. É o que vemos acontecer com pessoas que tiveram doenças graves como câncer, derrames cerebrais, infartos etc, e se recuperaram e nem parecem que um dia estiveram doentes.

Mas quando a pessoa tem sintomas inespecíficos, ou uma doença que provoca sintomas diversos, o que os médicos chamam de doenças sistêmicas - este paciente entra na roda viva dos ESPECIALISTAS E MORRE ANTES DE SER DESCOBERTA A SUA DOENÇA, MORRE POR NÃO SER TRATADA EM TEMPO HÁBIL ou morre do excesso de exames a que é submetida, como eu disse antes - excesso de laxantes, contrastes tóxicos, efeitos radioativos de tomógrafos e outros equipamentos.

Isto acontece, porque ele (paciente) começa sua via crucis pelos ESPECIALISTAS e não pelo CLÍNICO GERAL - se tivessemos BONS CLINICOS GERAIS - e fosse obrigatório em qualquer hospital, mesmo o hospital especializado, que o paciente passasse inicialmente pelo CLÍNICO e este encaminhasse o paciente ao médico ESPECIALISTA certo, todo o caminho seria encurtado, muitas vidas seriam salvas, e muito dinheiro quer dos planos de saúde, quer do governos ou dinheiro particular seriam economizados e assim, as poucas vagas que existem hoje nos hospitais especializados seriam OTMIZADAS pois receberiam de fato clientes certos para aquelas vagas. A distribuição seria mais eficientem, mais justas e tornaria todos os tratamentos mais rápidos. E pode-se ter como certo - morrer todos nós morreremos um dia - mas será que a medicina não poderia evitar A INTENSIFICAÇÃO DA DOR DOS ÚLTIMOS MOMENTOS DE VIDA DO PACIENTE, DIMINUINDO A CARGA DE EXAMES REPETITIVOS E INÚTEIS?

Entretanto, tudo teria que começar nas faculdades - o CLINICO GERAL teria que ser aquele que teria uma carga de anos de estudo muito maior que os ESPECIALISTAS - o clínico geral teria que passar por todas as especialidades e ver de tudo um pouco para dominar de fato A CIÊNCIA MÉDICA, e ser capaz em poucos minutos de análise de um paciente saber para QUAL ESPECIALISTA ele deve enviar.

MAS O GRANDE CLÍNICO NÃO EXISTE MAIS - NENHUM ESTUDANTE DE MEDICINA HOJE QUER SER UM CLÍNICO GERAL - e mesmo os hospitais não buscam por CLÍNICOS GERAIS - e então vão se formando um amontoado de ESPECIALISTAS E SUPERESPECIALISTAS E SUBESPECIALITAS E O GRANDE PREJUDICADO É O PACIENTE, O DOENTE.

Mas de fato, se a classe médica analisar bem, o próprio médico especialista acaba sendo prejudicado, pois sua carreira fica restrita a um minguado de pacientes que de fato precisam dele. Então vemos consultórios de GRANDES ESPECIALISTAS VAZIOS ou superespecialistas encostados em serviços públicos e insatisfeitos consigo mesmo e com o que ganham, pois se julgam, e com razão merecedores de serem mais bem pagos, e gozarem de melhores condições de trabalho, quer sejam de instrumentos ou de apoio.

O que é que eu chamo de superespecialistas ? Os doutoresm- veja hoje em dia, e como eu disse atrás, as crianças estão evoluindo muito rápido nas novas tecnologias, e na medicina também, cada vez mais, vemos médicos se formando com pouco mais de 20 anos e chegando ao DOUTORADO antes dos 30 anos.

Entre a sua formação de base médica e doutorado - tornando-se um SUPERESPECIALISTA muito pouco tempo ele tem para o exercício da medicina - exercício real, botando a mao na massa, vendo pacientes, muitos pacientes com vários e diferentes morbidades. Ele passa como um relâmpago pela prática médica geral e vai logo para os departamentos de especialistas e logo, logo para a alta especialização e doutorado - acaba tendo uma formação mais focada na TEORIA e no manuseio de equipamentos e diagnósticos baseados em exames - mas de contato fisico com pacientes ele somente tem o mínimo inevitável, pois se pudesse evitar até este mínimo evitaria.

e ai?

E ai, o paciente com sintomas inespecíficos ou generalizados, passa por tantos especialistas que acaba no final sendo uma peneira de exames - perdido nas filas de SUS, POSTOS DE SAUDE, PRONTOS SOCORROS e se tem recursos financeiros, acaba perambulando por uma imensidão de consultorios e ouvindo um monte de diagnósticos conflitantes, e muitas vezes sai até INSULTADO DO CONSULTÓRIO DE ALGUNS MÉDICOS - que não falam claramente, mas dão a entender que o PACIENTE É UM DESOCUPADO, E PARA COMPENSAR SUA OCIOSIDADE, TORNOU-SE UM hipocondríaco..

Eu sou suspeita para escrever sobre estes assuntos, pois já sou uma HIPOCONDRÍACA assumida.


Agora, graças a Deus, posso dizer - sou uma HIPOCONDRÍACA de poucos remédios - tenho medo de remédios, fujo de remédios e somente os tomo quando são indispensáveis, ou quando me obrigam a tomar, ou quando uma dor ou algo muito forte me faz apelar. Senão, mantenho os remédios longe de mim, porque se sou hipocondríaca, ao mesmo tempo tenho FOBIA POR REMÉDIO. Será que fobia por remédio tem nome? Engraçado, eu não sei. Deveria saber.

Vou parar por aqui que estou um pouco cansada. Mas voltarei a este assunto, assim que for possível.
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