24 de fev. de 2011

Buscando os serviços de saúde pública - análise paralela

Existem na vida duas situações distintas e das quais fazemos parte e depende muito de qual lado estamos e dependendo do lado e a forma que sentimos e percebemos a realidade destas situações.

Por exemplo: (quem nunca precisou pegar um ônibus lotado, e viajar em São Paulo, por duas ou três horas, em pé, espremido, se agarrando nos bancos, no suporte de cima, e quando se é baixinho, nem no suporte pode se apoiar, e além do calor, do aperto, das pessoas mal cheirosas depois de um longo dia de trabalho, temos que ser equilibristas para não cair e não arrastar junto todos que estão próximos, a cada vez que o motorista precisa freiar bruscamente.) Você está dentro do carro, com ar condicionado, cheio de espaços, ouvindo música no rádio, ou até falando no celular, mas irritadissimo com o congestionamento, e aquele ônibus ao seu lado, ou na sua frente significa mais um estorvo, e você não tem consciência de tanta gente lá dentro daquele ônibus vivendo o mesmo que você, uma longa espera, mas sem nenhum conforto, que você tem ai, dentro do seu carro.

A mesma situação acontece, com pessoas cheias de dinheiro, que procuram o atendimento em hospitais, onde particulares, conveniados e pacientes do SUS - se misturam na entrada - lógico que cada um seguindo corredores diferentes - os particulares para as salas de espera com ar condicionado, tv colorida, barzinho para o café, água gelada, etc.. etc.. hora marcada, e ai se tem um atraso.
Já os conveniados, também seguem quase que pelo mesmo caminho e para a mesma sala, mas a espera é mais longa, pelo menos na espera para se chegar até ali. Pois o particular, quando busca marcar uma consulta consegue para a mesma semana ou mesmo dia, mesmo que seu caso não seja urgente, mas o conveniado de planos de saúde no momento, dependendo do hospital tem que esperar semanas ou meses para chegar a sua vez. Mas, acaba sendo atendido pela mesma equipe de particulares e na mesma sala.. pelo menos é assim que funciona a maioria dos hospitais que tem misturados - convenios, particulares e sus.

Já os pacientes do sus, muitas vezes amarga uma longa espera de meses e meses para conseguir uma vaga, e depois chega de madrugada e fica ao relento na porta destes hospitais até que sejam convidados a entrar, e enfrentam bancos duros, desconfortáveis, numa sala onde se aglomeram centenas de pessoas. Ele está com sua consulta marcada, mas chega e pega uma senha, e fica lá esperando sua vez.. se chegar um pouco mais tarde pega uma senha tão alta que passa ali, o dia todo, com fome com sede sentado naqueles bancos esperando ser chamado. E depois de chamado, o médico mal o olha, e pede UMA IMENSIDÃO DE EXAMES - e lá vai o PACIENTE DO SUS pegar outra fila enorme para marcar os exames - e marcar o retorno - ai - marca o exame para daqui há 15 - 20 dias e depois o retorno para daqui um, dois meses depois.

Então o paciente do Sus, que tem uma doença, espera meses para ser atendido, depois dias e meses para fazer os exames e depois meses para retornar ao médico com os exames e saber de sua avaliação.

Consequencia, neste meio tempo ou seu estado se agravou, ou os exames que fez devido ao espaço de tempo já nao são o espelho correto do que o paciente tem, pois um hemograma por examplo feito hoje tem um valor, o de dois dias depois pode ter outro resultado completamente diferente se o paciente teve febre, diarréia, desidratação, ou se outra doença mais grave. Os exames de laboratório não são estáticos e todo médico sabe disso, mas a medicina vem trabalhando neste ritmo de desperdício do dinheiro público e do dinheiro dos convênios pedindo exames que o médico somente vai olhar daqui dias ou meses.

Mas o que estou querendo falar mesmo é que dependendo do lado que estamos não nos apercebemos da dor e do sofrimento do nosso semelhante que está do outro lado, talvez, com doença semelhante, mas recebendo tratamentos não iguais por parte de hospitais e médicos.

Todos nós morremos - o rico, o pobre, o bonito, o feio, mas com algumas diferenças. O rico morre com ar condicionado, paparicado, anestesiado para alívio de suas dores, e o pobre morre assado no calor do sol escaldante, esperando sua vez na porta dos hospitais.

Não considerem isto uma crítica, a vida é assim mesmo. O que eu estou querendo chamar atenção é que - apesar da evolução da humanidade, o poder econômico ainda está presente em todos os lugares - no transporte público e privado - nos serviços médicos públicos e privados.

A gente não quer dizer que tem diferenças, mas infelizmente, as diferenças existem.

Hoje, existem até muitas facilidades e propostas de ajuda do parte do governo, mas, existe uma burocracia que lentifica tudo - lentifica porque os funcionários são mal treinados, muitas vezes mal orientados e muitos trabalham com pouca vontade, e se sentindo confortáveis esquecem que aquela fila que depende dele para andar, poderia ser menor e com um pouco de esforço de todos - a dor seria diminuída, e talvez até eliminada.
Não estou criticando ninguém - são as formas administrativas que lentificam - mas se cada um na piramide, fizesse a sua parte, com certeza a burocracia seria vencida e os processos administrativos andariam mais rápido.

Estou comentado tudo isto neste blog, porque eu estou passando por isto - para conseguir um remédio que o governo fornece para Cirrose Biliar Primária, estou tendo que enfrentar filas, para CARTÃOZINHO DO SUS, LAUDO MÉDICO, COPIAS DE DOCUMENTOS, DE EXAMES, PROVA DE RESIDÊNCIA etc etc... vai aqui, não é ali, vai lá, não aqui não - poxa esta sua rua não pertence a este posto de atendimento, e assim por diante.

NOSSA, EU QUERIA FALAR MAIS, ENTRETANTO NÃO CONSIGO - não consigo colocar no papel o que eu sinto, vendo que a estratificação social continua - hoje não temos mais castas, dizem que não temos preconceitos raciais - que todos são iguais - mas se paramos e olhamos atentamente para os lados, como as coisas acontecem, vemos que ainda existem classes sociais - classe rica, classe média, média baixa, classe pobre e classe miserável e que principalmente no atendimento médico e transporte - estas diferenças de classe são gritantes, isto para não falar nos sistemas habitacionais.

Outro dia.. escrevo mais.

23 de fev. de 2011

A Hipocondríaca: CIRROSE BILIAR PRIMÁRIA - colocada em foco para di...

A Hipocondríaca: CIRROSE BILIAR PRIMÁRIA - colocada em foco para di...: "Hoje, alguém me incentivou a criar na internet um blog ou uma associação para discutir caminhos para uma doença muito pouco conhecida e meno..."

Velhos e Doentes Crônicos e o meio familiar

Estes dias fiquei um certo tanto sem condições de escrever. Deprimida, revoltada, preocupada, molestada, enjoada, assim com vontade de não fazer nada, ou tomar atitudes para resolver o tudo de uma só cajazada.

Quando a gente envelhece e as pernas já não ajudam muito, fica-se assim, a cabeça pensa, e a gente acredita ser capaz, mas de repente percebe-se que o corpo não atende os comandos e bate então o sentimento de incapacidade. Acho que foi isto que o Ronaldo Fenômeno sentiu, a incapacidade de atender os apelos da massa corintiana e brasileira, que exigia dele a mesma performance dos 18 anos e ele, embora, sabendo todos os passos e atos que tinha que realizar para concretizar os feitos exigidos dele, via que seu corpo não atendia aos comandos.

Assim é o velho - a cabeça planeja com base nos conhecimentos adquiridos ao longo do tempo, e na experiência bem sucedida do passado, mas, o corpo não tem forças para atender aos comandos.

Quando se é jovem, podemos num só dia, jogar bola, nadar na piscina, montar a cavalo, ou andar de bicicleta, rolar na grama, bater peteca, e chega a noite ainda temos disposição para ir para o clube e dançar até a madrugada. Haja saúde e disposição. Haja capacidade de viver intensamente o hoje o agora, e não se deve mesmo deixar para o amanhã.

Mesmo que se continue praticando exercícios e mantendo-se em atividade, os anos vão trazendo as incapacidades através da diminuição dos hormônios e da perda da massa muscular, também vamos perdendo mobilidade, força e coragem. Entretanto, muitas vezes não nos damos conta disso de imediato. Percebemos somente quando os sintomas de doenças crônicas como as diabetes, cardiopatias, e outras começam a despontar, ai damos uma parada, e podemos sentir os resultados.

Muitas vezes, não são de fato as doenças que reduzem nossas capacidades, mas o simples processo de envelhecer - de não renovar células e perder a tonus muscular pela redução da oxigenação celular.

MAS COMO SEMPRE, ESTOU DIVAGANDO - não é isto que quero falar - quero falar aqui de como as doenças crônicas interferem na na vida e no relacionamento familiar do velho - ou mesmo do jovem (que tenha sido atingido por doenças crônicas e incapacitantes)

Outro dia, eu estava no A. C. Camargo (Hospital do Câncer) esperando a minha vez de consulta, e comecei a conversar com uma senhora do meu lado. Então ela me contou que teve câncer de um seio, e depois do outro seio, e um problema das glândulas salivares em consequência das quimioterapias. Olhando para ela, eu diria ser uma pessoa hígida, em perfeito estado de saude, cabelo pintadinho, corada, hidratada, e conversadeira. Mas ao longo da conversa chegamos ao que eu quero dizer aqui - eu disse - MAS, COM TODOS ESTES PROBLEMAS - 8 ANOS DE TRATAMENTO, EMBORA VOCE ESTEJA COM BOA APARÊNCIA, ME ADMIRA TER VINDO SOZINHA PARA CONSULTA - então ela me respondeu assim:

(- AMIGA, A VIDA É ASSIM - quando nossos familiares tomam conhecimentos que temos uma doença grave como câncer, todos correm e nos cercam de carinho e atenção - mas, se esta doença e suas consequências vão se arrastando por longo tempo e anos - quimioterapia, internações, re-operações, recaidas, fisioterapia, etc.. a família começa a se sentir exausta, parece que o amor vai diminuindo - e a gente passa a ser um PESO NEGATIVO - e não mais uma pessoa DESEJADA, COLABORATIVA, PRESTATIVA e para com a qual todos querem interagir, porque a doença nos torna ranzinzas, chatos, impacientes, chorões às vezes até agressivos e ninguém gosta disso. Então, o que a gente tem que fazer é procurar não mostrar aos familiares e amigos a dor que se sente, e buscar ser o mais independente possível dentro das nossas limitações.)

Este relato é uma tentativa de reproduzir nossa conversa, talvez nem tudo tenha sido dito assim, tão esplicadinho - mas foi isto que compreendi das palavras cheias de conformação daquela senhora, até bonita, que estava ao meu lado.

Então é isto, a doença crônica é INCAPACITANTE físico, e um estopim emocional que leva o velho a se ISOLAR e se recolher em sua própria SOLIDÃO. A solidão do velho é consequÊncia da intolerância dos mais jovens e da sociedade a fragilidade dele, à dependência dele e a rabugice que o velho passa a cultivar devido a vários fatores como dor, mal estar, deficiências OU REDUÇÃO DOS SENTIDOS DE OLFATO, VISÃO, TATO, E ATÉ DO PALADAR, para não falar em outras consequências do envelhecer e ser portador de doenças crônicas.

Para o velho doente crônico nada tem o prazer de antes - tudo fica difícil, não se consegue mais pular a cerca, nem rolar na grama, não se consegue mais mastigar aquele churrasco cheiroso, apetitoso, escorrendo gordura pelos cantos da boca. Não se consegue mais, dormir com o mesmo conforto de outrora.

Gritos, barulho, música alta, tudo isto nos fere os ouvidos, sendo que na juventude tudo que mais gostava era de rádio alto, tambores batendo, e gritos muitos gritos no meio da turma. Na velhice estes sons estonteantes da juventude provocam labirintites e outros ites.



DEPOIS ESCREVO MAIS...

18 de fev. de 2011

CIRROSE BILIAR PRIMÁRIA - colocada em foco para discussão

Hoje, alguém me incentivou a criar na internet um blog ou uma associação para discutir caminhos para uma doença muito pouco conhecida e menos ainda divulgada, e a qual segundo informações está desmerecendo atenção do poder público e gerando um desinteresse por parte de médicos e laboratórios na pesquisa e produção de remédios para a referida doença, já que o número de doentes conhecidos são poucos e muitos convivem com a doença em estado de latência por anos, para repentinamente ter uma agudização, já então em fases fora de controle.

Estou falando de CIRROSE BILIAR PRIMÁRIA, doença de difícil diagnóstico, desenvolvimento lento, insidioso e silencioso, mas que ao longo do tempo vai minando a capacidade física da pessoa, que passa a ter queixas variadas que apontam para varias direções e na maioria das vezes o diagnóstico é feito por acaso, numa bateria de exames direcionados para doenças auto-imunes.

Tendo sido incentivada a criar uma abertura na internet para reunir o MAIOR NÚMERO POSSÍVEL de portadores de CIRROSE BILIAR PRIMÁRIA, fiquei pensativa em como fazer isto. Não sou médica, sou apenas paciente, e estou neste blog me intitulando de HIPOCONDRÍACA já que é assim que sou vista por amigos, familiares e até muitos médicos. E não sendo médica, não tenho como escrever com profundidade sobre assuntos científicos. Mas, se o objetivo é reunir pessoas interessadas em discutir este assunto e encontrar saídas para os portadores desta enfermidade, pois os remédios são de alto custo e temos de fato poucos médicos trabalhando no sentido de desvendar tal doença, se este é o objetivo, acredito eu que através deste BLOG criado esta semana a princípio para minhas próprias lamúrias – cujo título é bem sugestivo – SAUDE VERSOS DOENÇA e eu assinando como A HIPOCONDRÍACA – portanto, o caminho estará meio andado, pois de fato não posso criar um blog científico, já que de ciência não entendo nada, nem posso criar uma associação que envolve aspectos legais de autorização, registro etc.

Eu sou apenas A HIPOCONDRÍACA, estarei a partir deste ponto, buscando na internet o maior número possível de pessoas portadoras de CIRROSE BILIAR PRIMARIA, comprovada ou em estudo, para traze-las para uma discussão que nos conduza a resultados concretos e que beneficie os doentes de hoje, e quem sabe, abra portas de cura para o futuro. Encontrando estas pessoas, o objetivo inicial seria troca de remédios, busca de fontes de fornecimento de remédios a custos mais acessíveis, e principalmente, saber, como cada um teve o seu diagnóstico feito e como foi comprovado, etc. E também localizar médicos interessados no estudo desta enfermidade.

Também, buscar uma forma de apoio emocional – já que em grupos que confluem para interesses comuns sempre encontramos condições de falar com mais abertura sobre nossos problemas, pois sabemos que o outro tem consciência exata do que estamos falando.

Se você conhece alguém, que comprovadamente, tem esta doença, indique nosso blog para discussão.

visite nosso grupo de discussão sobre o assunto - clique

17 de fev. de 2011

Os aspectos econômicos do Envelhecer

Engraçado, a gente precisa chegar aqui, na envelhecência, para olhar para trás e perceber que deveríamos ter nos planejado para este momento. É um momento crucial - um final de estrada cheio de tropeços, muitos gastos e poucas forças para alavancar novos rendimentos e acaba-se ou morrendo-se por falta de assistência médica e alimentação adequada, ou se tornando um peso aos familiares.

Não existe nada pior do que ser um velho dependente - é como quase a voltar a ser criança ou adolescente, tendo que justificar para os outros os por quês de nossas necessidades, portanto, passamos muitas vezes a renunciar aos nossos gostos pessoais para apenas receber aquilo que os outros querem nos dar. E para piorar a situação, nem sempre ficamos felizes com o que nos dão, pois temos outras expectativas.

E a quanto o velho tem que renunciar? Você já parou para pensar, no quanto precisará renunciar na velhice, em lazer, prazer, convivência, alimentos de que gosta? A velhice é uma renúncia constante e um aprendizado na aceitação de perdas: perda do poder aquisitivo, perda da força física, da beleza, do desejo sexual (às vezes o desejo até continua, mas falta a capacidade, o poder de realizar e muitas vezes falta o objeto do desejo).

Perda do prazer de comer. O velho por mais saudável que seja, não consegue comer como quando jovem. Os dentes já não são tão fortes, quando os tem, e as próteses impossibilita totalmente a mastigação natural e a degustação prazerosa dos alimentos. Alimentos mal mastigados, levam a gastrites, má absorção de alimentos, inflamações do intestino, redução do fluxo salivar, aspereza da língua. Tudo isto transforma a vida do velho num mal estar constante, e renúncia a muitos e muitos momentos que antes eram prazerosos.

Hoje, andei pela internet lendo a respeito do envelhecer, e pude constatar que não sou tão louca com as minhas meditações sobre o envelhecer e os meus sentimentos de quase revolta - pois eu não aceito muito bem, este envelhecer sem volta - mas nas leituras percebi que outras pessoas, estas muito bem abalizadas e alicerçadas cientificamente, dizem sobre o envelhecer quase a mesma coisa que eu, só que de forma mais elegante, e com certeza convivem com a velhice alheia e não com a própria velhice, as próprias perdas, então a racionalização é menos agressiva que a minha, menos queixosa e mais realista.

Agora, a tarde, então pus-me a pensar que se a velhice é algo inexorável, e que se não morremos jovens, teremos que enfrentar a velhice, então deveríamos ser orientados, treinados, preparados desde a infância, desde as primeiras letras no conhecimento do que nos espera na velhice e assim, poderíamos nos preparar melhor para uma velhice vivida com mais sabedoria, mais prazer através de um alicerce financeiro e poupança de nossas energias físicas.

Mas também, não sei se plantar muito, principalmente em bens de capital ou bens imóveis é o caminho da tranquilidade na velhice, porque na velhice uma das nossas principais perdas é a capacidade de desempenho fisico, pois perdemos massa muscular e pela ação da redução dos hormonios a massa óssea se desgasta e os nervos enfraquecem, reduzindo mobilidade e força, e outro mal da velhice e o mais temído de todos, é a perda da capacidade cognitiva e da sanidade mental e é neste momento que quanto mais poder aquisitivo se tem, mais espoliado o velho é por parentes, filhos e amigos e até pela sociedade. Se o velho chega ao ponto de se tornar dependente física e mentalmente, esta situação de espoliação financeira é inevitável se ele tem bens e um potencial de recursos que faz todos quererem disputar a chance de cuidar daquele velho . Porém, por outro lado, o abandono em asilos é o caminho (sem volta) daquele velho que não tem o devido respaldo financeiro para pagar cuidadores, médicos e enfermeiros. Estes pobres velhos, pobres de bens materiais e miseráveis de afeto, o sofrimento nos asilos, onde são maltratados, espancados, mal alimentados e caminham para a morte a passos lentos, é o destino. Isto se pensado friamente, apavora.

No mundo atual, em que o velho esta vivendo cada vez mais e portanto, tendo a oportunidade enfrentar cada vez mais doenças crônicas e consuntivas da velhice e que o torna um dependente, o a sociedade esta a cada dia criando mais e mais formas de ganhar dinheiro sobre esta massa de gente - formando-se mais e mais especialistas tais como gerontólogos, geriatras, enfermeiras especializadas, cuidadores, fisioterapeutas, massagistas, empregadas domésticas especializadas (como babás de velhos, acompanhantes, e abrindo-se casas de saúde, asilos, recantos, e até agências de lazer, destinadas a entreter o velho, com o objetivo de tentar evitar a queda na depressão ou na completa e incapacidade física e emocional. - Até a industria da construção civil está entrando nesta, construindo casas com aparatos que garantem a estabilidade do velho, evitando quedas em banheiros, corredores etc. A indústria de móveis criam camas com guardas laterais para o velho não cair da cama a noite, cadeiras apropriadas para serem usadas nos banheiros para um banho confortável, e muito mais.

Se eu já não fosse velha iria neste momento optar por uma destas atividades, mas infelizmente, hoje eu sou a cliente potencial, ou a paciente de fato e não a profissional. Hoje, sou a semi-dependente e não aquela que pode oferecer de si para o outro.

Quando digo que sou semi-dependente, é porque ainda não cheguei ao ponto de precisar de cuidados pessoais dos outros. Eu por enquanto ainda consigo fazer eu mesma minha higiene pessoal, me alimentar, caminhar, apesar de sentir-me limitada, sem a mesma desenvoltura de alguns anos atrás, e ainda percebo que estou a cada dia me tornando mais e mais medrosa - tenho medo de pegar ônibus, medo de atravessar a rua, medo de descer escadas, e de tomar banho quando estou sozinha em casa - medo de cair no banheiro e não ter ninguém por perto para me ajudar.

Por enquanto ainda consigo ganhar pelo menos parte do meu sustento e gastar absurdamente com médicos, buscando uma esperança para as dores e o mal estar geral que sinto (mas estou percebendo por leituras na net serem estas dores e mal estar naturais da envelhecencia) e assim, então quem sabe, consciente que as dores são um tributo da velhice, eu deixe de estar implorando médicos uma ajuda para aquilo que não tem remédio e deixando principalmente de inventar doenças e tomar remédios desnecessários e inúteis, alguns até prejudiciais.

Mas, de fato ainda não foi colocado aqui a parte mais importante do tema que me propus trabalhar com ele hoje - Os aspectos econômicos do Envelhecer.

Pois é, também li na internet e apenas estou repassando aqui, mas eu já vinha pensando nisso há tempos - pois fui por 8 anos funcionária da previdência social e trabalhei 4 anos para a Sul America - pois é... pois é... a massa de velhos aumenta a cada ano, pesando consideravelmente nos cofres públicos da previdência social - tanto com aposentadorias quanto com necessidades de recursos médicos e a cada ano, a juventude tem um lastro menor - ou seja, menos jovens ativos contribuindo e mais velhos sacando, o que levará com certeza a um desfalque no sistema, pois de fato precisa-se de pelo menos 3 contribuintes de salário mínimo para pagar a aposentadoria de um velho, e precisa-se de pelo menos 5 contribuintes para pagar a aposentadoria de um velho e seus custos sociais de médicos e remédios. E, estamos caminhando para uma situação crítica pois, os jovens estão sendo cada vez uma massa menor além de estarem devido aos aspectos econômicos e de formação entrando para o mercado de trabalho mais tarde, tornando-se contribuintes tardios. Assim temos uma pirâmide invertida - MUITOS VELHOS GASTANDO e poucos jovens contribuindo. E se o poder público não tem como arcar com os custos desta massa de velhos, a família é chamada para assumir suas responsabilidades, o que muitas vezes acaba sendo um peso e um transtorno para alguns filhos, cujos rendimentos também não são aqueles necessários para tantas responsabilidades.

Será que existe uma solução para o problema? Será que poupar desde os primeiros anos de vida, como propõem alguns bancos resolve o problema? Quanta gente já poupou no passado e de repente viu a empresa que recolheu suas poupanças falir, como as empresas de capitalização onde muita gente colocou o dinheiro da juventude e estas faliram muito antes que aqueles jovens se tornassem velhos?

A previdência social - foi criada de uma forma restrita para contemplar somente aquele que tivesse de fato contribuído - mas ao longo dos anos foi abrindo o leque e contemplando rurais e até domésticas, costureiras, pessoas estas que nunca contribuíram e muitos que nunca nem trabalharam - e a previdência hoje tem a seu cargo um contingente enorme de nao contribuintes de fato, para não entrar em outras situações que prefiro não falar aqui, pois meu blog jamais estará a serviço de críticas políticas ou pessoais. Quero aqui discutir e colocar problemas gerais que as pessoas enfrentam, independentemente, do poder público e de suas políticas e proteção - os comentários vão surgindo mas sem nenhuma intenção de crítica, são apenas observações. Portanto, a situação da previdência é preocupante para o futuro destes jovens que hoje estão contribuindo na esperança de uma velhice mais tranquila.
Hoje, o assunto aposentadoria já é motivo de preocupação das pessoas físicas, dos economistas e dos administradores do poder público e mesmo das empresas, porque se você tem um determinado nível de vida, com um ganho salarial acima de 20 salários mínimos, aos se aposentar receberá no MÁXIMO 10 salários mínimos. Ou seja, de um soco seu poder aquisitivo cai 50%.

Vou parar por aqui, quem sabe amanhã eu continue este assunto, ou quem sabe, parta para outro menos pesado, que possa trazer mais alegria e luz a este blog.

Mas falar de problemas é uma forma de buscar soluções. Seria muito bom meditar sobre isto. É o que vou fazer. Pensar nos meus problemas buscando soluções.

16 de fev. de 2011

Saude e Doença e seus antagonismos

Vou tentar definir saúde e doença numa linguagem diferente da científica.

SAÚDE, cientificamente, é um estado de higidez. Na linguagem do dia a dia, saúde é um estado de plenitude, de felicidade, de domínio de forças em nossa natureza física, corporal e emocional que transcende até contaminar nossa alma de um estado de paz e/ou efervescência que se mistura e ao mesmo tempo nos confere uma sensação de PODER TUDO. Saúde é ter total controle sobre os nossos músculos, do sistema nervoso, e domínio de todos os sentidos, tais como tato, audição e visão intactos, nos garantindo a capacidade de movimentos em todas as direções que o ritmo da vida nos exigir, nos garantindo ver, sentir, apalpar, cheirar, perceber, tudo a nossa volta e principalmente, sermos independentes em nossas necessidades pessoais de prover-nos a nós e nossos familiares das condições básicas de sobrevivência e nos considerarmos assim, quase semi-deuses, e senhores absolutos de nós mesmos, com direito a decidir nosso presente, com vistas ao futuro, assumindo compromissos, dividas financeiras, trabalhos árduos e responsabilidades perante filhos, cônjuges e amigos.

DOENÇA - pode ser um mal-estar passageiro, como uma febre rápida, uma intoxicação alimentar que logo passa, um resfriado que em dois ou três dias nossa imunidade tira de letra.
Mas, a DOENÇA, pode ser também algo incapacitante, que vai nos destruindo lentamente o corpo, nos tirando as forças, e quando percebemos a doença levou de nós tudo que mais prezávamos, como a beleza, a força, a garra no trabalho, o amor das pessoas que nos cercam, o respeito dos amigos, e nos levou muitas vezes até a esperança, e a própria vontade de continuar vivendo. DE todas as doenças a pior é a doença crônica e indefinida, que nos afasta de amigos, das festas, nos tira os sonhos, as esperanças e nos faz ser seres rastejantes pela vida afora, choramingandos dores que só nós sentimos e percebemos. Nas doenças de longa duração as pessoas que nos amam vão ficando enfastiadas, cansadas, enojadas e para se defenderem dizem que NÓS INVENTAMOS NOSSAS DOENÇAS e assim muitas vezes nos machucam mais do que já estamos machucados. E o doente crônico o melhor que faz é aprender a guardar o seu suspiro e engolir o seu lamento.

PORTANTO, a doença pode ser rápida e superável, sem necessitar nem de uma visitinha aquele médico da familia (que nao existe mais, não é?), ou a DOENÇA pode ser crônica, sorrateira, indefinida que vai se arrastando ao longo dos anos e nos levando os melhores momentos de nossa vida, ou a doença pode ser FULMINANTE, vir rápida e antes que tomemos qualquer atitude nos leva para sempre dos braços das pessoas que amamos.

Para ser médico e não morrer junto com o primeiro paciente precisa-se antes de tudo aprender a se defender - APRENDER A NÃO SENTIR A DOR QUE O OUTRO ESTÁ SENTINDO.. APRENDER A NÃO VER NO OUTRO O REFLEXO DO SEU PROPRIO EU.

A VIDA SÓ VALE SER VIVIDA SE TEMOS A CHANCE DE VIVER EM ESTADO DE PLENA SAÚDE. VIVER EM ESTADO PRECÁRIO DE DOENÇAS CRÔNICAS NÃO VALE A PENA. É VIVER ENTRE O DESEJO DE SER E REALIZAR, E A INCAPACIDADE DE ATINGIR OBJETIVOS.

15 de fev. de 2011

Envelhecer

Existe hoje uma espécie de louvor ao envelhecer - chamam de 3a. idade, a melhor idade, idade da liberdade, idade de ser feliz (sem as responsabilidades da juventude de buscar crescimento ou ser o arrimo de uma família).

Para muitos envelhecer significa ficar numa boa - sem responsabilidades, sem preocupações, tranquilidade, passear, visitar amigos, parentes, fazer um cruzeiro, e tudo maravilhas.

Mas, de fato, esta não é a realidade do velho. A realidade do velho muitas vezes significa - finanças curtas, uma aposentadoria que não cobre nem 10% de suas necessidades financeiras, uma queda vertiginosa na qualidade de vida, de conforto, pois as aposentadorias de fato reduzem o fluxo financeiro, e o velho, geralmente, nos primeiros anos de uma aposentadoria consegue ganhar por fora para incrementar esta renda, mas chega uma hora em que não dá mais para fazer freellas, como dizem os jovens, ou nem para continuar numa atividade que exige muito do físico e da mente. Então toda a situação financeira desanda. E assim, não teremos a opção de cruzeiros internacionais para sufocar a solidão, a ausência de filhos, a ausência de amigos. Porque é assim mesmo, ninguém gosta de gente velha, feia e pobre.

Poucos são os velhos que souberam planejar para a velhice e hoje estão numa boa financeiramente. Mas, mesmo com as finanças em dia, cobrindo despesas, o velho enfrenta problemas - dores - incapacidades físicas, incapacidades mentais, ansiedades, tristezas, saudades.

Quanto mais lúcido o velho consegue estar, mais consciência tem de suas limitações e das rejeições do meio ambiente e social e mais (ele, o velho sofre). Sofre por saber quais são suas limitações, e principalmente, que não as consegue eliminar, e muitas destas deficiências terão tendência a um aumento progressivo e irreversível, tais como a agilidade física, o alcance da visão, a capacidade de prover seus próprios cuidados de higiene e alimentação.

Antigamente, o velho era respeitado como sendo uma fonte de sabedorias e experiências, então todos os jovens buscavam assimilar do velho o que ele sabia para alavancar suas próprias vidas. Na dúvida, no nosso velho avó, a nossa mãe, ou pai, ou aquele tio mais instruído era para onde corríamos para sanar nossas dúvidas ou acumular mais saber ao nosso próprio saber.

Mas hoje, com a evolução acelerada da tecnologia, o velho não consegue acompanhar os jovens. Os jovens tem hoje muito pouco alicerce de conhecimentos sólidos, mas uma tecnologia surpreendente que acaba suprindo a ignorância e o saber mais solidificado. Hoje, não se precisa saber profundamente um assunto para ter conhecimentos, a informática, a internet, informa.

Os equipamentos ficam a cada dia mais complicados, outros mais simplificados e o excesso de informações e mudanças incapacita o velho no acompanhamento e sua própria atualização. E o velho fica prá trás, sendo olhado por filhos, netos e amigos como um coitado ignorante. Toda a colaboração que este velho deu no incremento das bases desta própria tecnologia nada significa. Ninguem se lembra que para se criar uma ferramenta sofisticada, teve-se que partir do empírico, dos conhecimentos de base que foram adquiridos exatamente com estes velhos que hoje se sentem perdidos.

Então, envelhecer é a dor da perda. Perda da juventude, da beleza, da força física, da capacidade mental; perda do poder aquisitivo, da qualidade de vida, da esperança; perda do amor, da paixão, do respeito, da consideração, da admiração, da esperança.

Ser velho é olhar para um futuro cujo horizonte termina ali. Ali onde não sabemos definir exatamente a distância ou o tempo. Mas um horizonte que nos barra o caminhar, nos impedir de ver mais longe, nos impede de sonhar.

Ser velho é não ter mais, quase nada a oferecer a esta juventude cheia de tecnologia. Nossos conhecimentos são sólidos, mas não valorizados pela sociedade atual.

Nossa experiência, nossos erros e acertos na vida, seriam lições que a juventude poderia assimilar para não cometer os mesmos erros e conseguir viver com mais felicidade. Entretanto, ninguém quer saber de nossas experiências, acabamos sendo chatos, inoportunos e rabugentos.

Estou com 66 anos, e não gosto de ser velha. Não gosto de minha imagem no espelho, nem de minha pele flácida, pálida e sem túrgidez. Sinto-me só, e não consigo achar um caminho que solucione esta situação e escrever é uma forma que encontrei de registrar meus sentimentos.

14 de fev. de 2011

Hoje, fiquei deprimida

Hoje, fiquei um pouco deprimida. Criei este blog pensando transformá-lo num espaço onde eu possa deixar minhas confidências diárias, minhas queixas e minhas ilusões.

Estou um pouco cansada de tentar dividir com gente próxima, tais como filhos, amigos, noras, ex-maridos, colegas de trabalho problemas pessoais e sonhos que tenho ainda, apesar dos meus pesares. Parece que falo grego. Ninguém entende a minha linguagem.

Fui uma moça impetuosa. Joguei-me na vida, corri atrás de sonhos, realizei muito, perdi muito, ganhei talvez um certo tanto, mas não o que eu DESEJAVA GANHAR. Não ganhei reconhecimento, nem estabilidade.

Fui mãe com todas as garras de fêmea. Defendi minhas crias de todos os perigos a que pudessem se expor, levei pela mão pelos caminhos do bem, transformei meus filhos em gente (seres humanos com qualidades, muitas qualidades, mas também com alguns defeitos, mas, aos meus olhos de mãe, criadora os defeitos de meus filhos são sempre serão bem menores que as qualidades qu talvez eu aumente, para preencher a minha própria vaidade).

Mas hoje, me sinto, assim, cansada, desanimada, às vezes com um mixto de revolta contra um monte de coisas, e quero desabafar, mas vejo que quando tento fazer isto encontro resistências ou acabo criando conflitos com aquelas pessoas das quais dependo nestes meus últimos anos de vida.

Vou parar por aqui. Amanhã escreverei mais.

ASSINADO (A hipocondríaca).

Começando a Contar Estórias

Para começar, quero lhes dizer que sou uma HIPOCONDRÍACA. Mas, quem vai julgar realmente se sou, são vocês, os meus leitores.

Será que alguém vai ler toda a baboseira que vou escrever? Pois, hoje, resolvi abrir este blog para fazer minhas confidências e deixar de uma vez por todas de me confidenciar a amigos, parentes, e principalmente, ver se consigo deixar de visitar médicos e hospitais. Tenho raiva de médicos e hospitais, embora, pareça que os adoro. No fundo não é verdade, e a cada dia, me sinto mais e mais decepcionada com médicos, hospitais e a medicina em geral, que está ao longo dos anos deixando os seus objetivos primordiais para trás e indo na direção da industrialização e mercadolização de suas atividades, pois a medicina mais parece um grande supermercado, onde cada produto (doença) ocupa uma gôndola diferente, e é cuidada por um funcionário especializado e treinado e que só entende daquele cantinho do supermercado, o resto não existe, e você vai rodando, de gôndola em gôndola, de prateleira em prateleira e chega ao caixa exausto, cansado e muitas vezes no meio do caminho você abandona o carrinho lotado e sai dali de mãos vazias para logo entrar no outro mercado da frente, na esperança de que as coisas sejam mais humanas e outra vez, se decepciona.

Quero contar minha estória, minha estória de vida e quem sabe sirva para alguma coisa. Hoje, talvez, não consiga escrever muito, porque comecei afinal muito tarde, são quase 19 horas, de uma segunda-feira de fevereiro de 2011.

É muito importante, que ao ler meus relatos, entendam que estou aqui para escrever de forma relaxada, sem enfeites, sem a busca da perfeição literária, ou linguagem aprimorada. Estou aqui neste blog para falar com minha linguagem simples de mulher simples que sou. Quanto mais simples, mais fluente conseguirei ser. Quero falar, quero contar.
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